Eduardo Bueno
Lembro de tudo: do dia, da hora, da inflexão da luz, da roupa que vestia e acima de tudo do impacto que aquilo teve sobre mim. Era 8 de março de 1975. Eu tinha 16 anos e o sol poente filtrava-se pelas frestas da veneziana. Vestia uma camisa social azul com um monograma – eram as iniciais do nome do meu pai, M.B., denunciando que a peça fora subtraída. Então, quando a agulha tocou no vinil lançando aquele chiado mágico (que as mídias digitais trataram de surrupiar), e a voz rascante de Bob Dylan rasgou a cena como se tudo fosse de papel, minha vida deu um duplo twist carpado.
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