Os erros cometidos pela arbitragem na última rodada escancararam a necessidade do uso do VAR no Gauchão. A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) sabe disso e o assunto já está sendo debatido. O objetivo da entidade é implementar o recurso em todos os jogos da competição a partir do ano que vem.
Querer os monitores à disposição para minimizar os erros de arbitragem é a parte mais simples da história. Para que a ideia saia do papel e seja colocada em prática, a FGF precisará superar enormes obstáculos.
O investimento financeiro é uma parte importante. O custo para colocar o VAR em todos os jogos do Gauchão 2024 chega perto de R$ 2 milhões. São R$ 25 mil para cada uma das 72 partidas da competição para ser mais exato. Isso representaria um investimento de R$ 1,8 milhão apenas para viabilizar a parte de infraestrutura.
Os gastos com recursos humanos não estão incluídos nessa conta. Aí estamos falando dos pagamentos para árbitros de vídeo, operadores e outros profissionais necessários para colocar a infraestrutura em funcionamento.
Vale dizer que existe uma opção do chamado "VAR Light", que é uma espécie de versão simplificada e mais barata do recurso. No entanto, essa alternativa está descartada em um primeiro momento.
Os obstáculos não param por aí. Isso porque a Hawk-Eye, empresa responsável por implementar o VAR em outras competições nacionais, faz uma série de exigências para homologar os estádios para a utilização da tecnologia.
Esses pré-requisitos precisam estar solucionados três dias antes do primeiro jogo no local em questão.
Não vou nem entrar em detalhes estruturais necessários para a sala do VAR. Acredito que ter um espaço com ar-condicionado, tamanho adequado, móveis compatíveis com a exigência e internet de alta velocidade não seja um problema sério.
Por isso, vou me apegar aos requisitos que ficam mais perto de onde a magia acontece: dentro de campo.
Primeiro, as linhas do campo devem estar bem definidas até mesmo nos dias de chuva forte. Os gramados não podem ter pontos de alagamentos que prejudiquem a calibragem do VAR.
Outro aspecto bastante problemático está nos jogos noturnos. Isso porque a iluminação deve oferecer condições de visibilidade iguais às verificadas durante o dia.
Por fim, o estado do gramado também passa a ser um ponto de atenção. Pode até soar ridículo, mas quem assiste ao Gauchão sabe que não é tão óbvio. Os campos devem estar verdes. A grama não pode estar queimada, amarelada ou com manchas. A explicação é simples. O VAR necessita de um contraste claro entre as linhas e o campo.
É possível fazer? Claro que sim. Só que colocar o recurso em prática implica não só em uma força-tarefa da FGF, mas também dos clubes. Será necessário comprar a ideia do VAR. Há uma parcela de responsabilidade que precisará ser assumida pelas 12 equipes que disputam a competição, até porque ninguém quer erros de arbitragem acontecendo a todo momento.