Há aproximadamente um ano, a CBF demitiu Leonardo Gaciba do cargo de chefe da arbitragem brasileira. Junto com a mudança, a entidade prometeu reformular a comissão que comanda o apito nacional e também implementar "novos procedimentos visando maximizar os acertos e minimizar os erros de todos os envolvidos", sobretudo no que diz respeito ao uso do VAR.
Só que o ano de 2021 terminou e nada disso aconteceu. O único processo implementado até o começo de 2022 foi o de interinidade no comando da arbitragem brasileira.
O tempo seguiu passando. Janeiro acabou, fevereiro também, março se foi e nada de reformulação ou novos procedimentos.
Foi somente em 7 de abril que a CBF anunciou que a arbitragem brasileira tinha um novo comandante. Wilson Seneme foi oficializado no cargo dois dias antes do começo do Brasileirão e enquanto a Copa do Brasil já estava a pleno vapor. E as mudanças continuaram acontecendo com os campeonatos em andamento.
Questionei lá atrás e repito agora. Como aplicar uma nova filosofia com tantas mudanças acavaladas com o começo da nossa principal competição nacional? Infelizmente o que está acontecendo agora é só a confirmação de algo que era óbvio já em abril deste ano: a arbitragem não apresentaria e não apresentou evolução em 2022.
Além de não apresentar melhora, o apito brasileiro mostrou conceitos confusos sobre o uso do VAR. Partindo de uma orientação de que o recurso eletrônico precisava deixar o jogo mais dinâmico, houve uma tentativa de reduzir o número de interferências. O resultado disso foram erros importantes que simplesmente passaram a ser ignorados.
Outra prova de que a ideia não deu certo é que o VAR de 2022 interfere mais vezes e com menor qualidade do que o de 2021. O erro grave ocorrido no jogo entre Flamengo x Santos é o resumo da falta de critério de um quadro de arbitragem fragilizado e exposto.
Para completar, a CBF adota a postura de punir e expor os árbitros que cometem erros. Colocar o juiz no Pada (Programa de Assistência ao Desempenho do Árbitro) é a velha geladeira. Suspender o árbitro publicamente é oferecer a cabeça de um culpado para esconder a própria incompetência.
Há tempo para melhorar a arbitragem em 2023. Acredito que o quadro possa voltar a evoluir no ano que vem. Só que esse trabalho precisa de outro nível de planejamento, clareza e, principalmente, respaldo para quem está na linha de frente.
É bom que se diga que a culpa não é dos árbitros. O problema está em outra esfera.
É aquela velha história. Se um aluno vai mal, a culpa é dele. Se a turma vai mal, a responsabilidade é do professor. As frases não são minhas e não são novas, mas se encaixam bem no contexto do apito brasileiro.