Do que adianta ter o VAR se é para não usar? Essa é a pergunta mais contraditória e repetida desde a implementação do árbitro de vídeo no futebol brasileiro. Acontece que é um grande equívoco acreditar que o recurso só é utilizado quando há interferência na decisão do juiz principal.
Nem sempre o árbitro de vídeo vai sugerir uma revisão no monitor à beira do gramado. Isso não quer dizer que o VAR não foi utilizado ou que um lance não foi checado na cabine.
O Gre-Nal 434 lances desta natureza. Houve situações checadas nos monitores, mas que o VAR julgou desnecessário interferir nas decisões tomadas pelo árbitro Marcelo de Lima Henrique dentro de campo.
O lance envolvendo Pedro Geromel e Moisés é um exemplo disso. Depois de uma cobrança de escanteio, os dois jogadores caíram dentro da grande área. O juiz principal mandou o jogo seguir e o VAR checou o lance na cabine.
O que ocorreu foi que o árbitro de vídeo Rodrigo Carvalhaes de Miranda concordou com a decisão de campo. Isso porque Moisés estava segurando a camisa de Geromel, mas o zagueiro do Grêmio estava agarrado no braço do lateral do Inter. Ou seja, os dois estavam se segurando em um lance sem qualquer consequência. Era puxa daqui e agarra de lá.
Ao perceber isso nas imagens, o árbitro de vídeo recomendou que Marcelo de Lima Henrique permitisse o recomeço do jogo. Caso a CBF decida liberar os áudios da cabine do VAR, a conversa provará exatamente isso.
Casualmente, o lance posterior também gerou uma situação de dúvida na grande área oposta em uma disputa entre Kannemann e Edenilson. O Colorado (e todo o estádio) protestou pênalti, que não aconteceu. O zagueiro gremista deu um tranco com o objetivo de proteger a jogada e ocupando espaço. O lance foi legal. Não houve infração. Essa disputa também foi checada pelo VAR.
Caber ressaltar que o recurso eletrônico tem a obrigação de observar tudo o que acontece no campo. E assim o faz. Obviamente que quando há situações de grande área e lances que se enquadram no protocolo, a atenção precisa ser redobrada, pois há possibilidade de interferência.
O árbitro de vídeo pode até ter avaliações equivocadas e cometer um erro ao não interferir um lance, mas o recurso não foi criado para interferir em tudo. Há situações em que as checagens da cabine não se transformam em revisões no campo de maneira equivocada, é verdade. Podemos até apontar erros pela falta de interferência. Só que esse não é o caso do que ocorreu no Gre-Nal 434.