Lembro como se fosse hoje o programa Balanço Final, da Rádio Gaúcha, transmitido no penúltimo dia de 2020, logo após o jogo em que o Grêmio confirmou vaga para enfrentar o Palmeiras na decisão da Copa do Brasil.
Fui provocado a projetar a arbitragem da decisão. Faltava muito tempo para o jogo e fiz o alerta de que muita coisa poderia mudar no meio do caminho, mas um dos nomes que apontei como forte candidato foi o de Marcelo de Lima Henrique, que acabou sendo escolhido pela CBF.
Não estou falando isso para provar que estava certo, até porque não fui categórico ao citar o nome do juiz carioca. Ele até não foi a primeira opção apontada por mim.
Naquela noite, elogiei os árbitros que apitaram as duas semifinais e disse que ambos estavam credenciados para o segundo jogo, pois dificilmente a CBF repete árbitros em duas partidas seguidas de uma mesma equipe. Só que Bruno Arleu de Araújo e Wilton Sampaio foram tão bem em São Paulo x Grêmio e América-MG e Palmeiras que não seria qualquer absurdo a CBF quebrar esse critério para colocar um em cada final. Como sabia que dificilmente a CBF quebraria esse critério para usar os dois árbitros da semifinais nas decisões, abri fortemente a possibilidade para que um nome experiente aparecesse na partida de ida.
É aí que entra Marcelo de Lima Henrique. Ele representa exatamente isso: E X P E R I Ê N C I A — assim mesmo, com letras maiúsculas e toda ênfase que se pode perceber na forma como a palavra está escrita.
Colocar Marcelo de Lima Henrique seria dar o apito da primeira partida para o árbitro mais cascudo da atualidade no futebol brasileiro. Quando falo isso, estou me referindo ao fato de que Marcelo de Lima Henrique tem 49 anos de idade. Completará 50 na metade de 2021. São mais de 20 anos dedicados à arbitragem e mais de 200 partidas apitadas na Série A do Brasileirão.
Esse é o reconhecimento e o elogio que precisa ser feito ao nome de Marcelo de Lima Henrique e foi o motivo que fez com que o projetasse como uma boa opção para a partida entre Grêmio e Palmeiras ainda no final de 2020.
Sempre que falo do ex-árbitro do quadro da Fifa digo a mesma coisa. Até em função da bagagem no futebol, a capacidade de exercer autoridade é a maior virtude que ele tem. Marcelo conhece os atalhos, coloca respeito e efetivamente representa uma figura de comando dentro de campo.
Por outro lado, justamente por ter quase meio século de vida, a condição física já não é mais a de um garoto. As pernas já não são as mesmas dos primeiros anos de carreira. Por isso, o juiz carioca precisa compensar essa carência com inteligência e, principalmente, saber usar o VAR a seu favor. Fazendo isso, estará com mais de meio caminho andado para ter uma grande atuação.
Sobre a grande final, repito que Wilton Sampaio e Bruno Arleu de Araújo são fortes candidatos. Por merecimento, eu colocaria Arleu. Está sendo mais regular e passou ileso aos grandes desafios da temporada. Só que a hierarquia aponta vantagem para Wilton. Agora é esperar para ver.