A arbitragem tem um desafio extra para a retomada do Gauchão. Enquanto as equipes estão sendo liberadas para os coletivos, mesmo boa parte delas tendo pouco tempo de trabalho, os árbitros treinam no velho esquema cada um por si. Sempre foi assim, mas agora há uma diferença. As regras de isolamento impostas pela pandemia limitam demasiadamente os locais de treinamento.

Os árbitros que residem em cidades do Rio Grande do Sul que estão com a bandeira vermelha não tem a opção de trabalhar nas academia, sem falar nos parques que estão fechados para reduzir a circulação de pessoas e minimizar  a proliferação do vírus. Quem mora em Porto Alegre tem essa realidade e compensa com alguns exercícios em casa mesmo. 

A pista atlética do Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), no bairro Menino Deus, não funciona desde março. A solução a manutenção dos treinos de corrida está em praticar atividades pelas ruas. Isso implica em outro problema. O uso da máscara dificulta a respiração e dispensar o equipamento é sinônimo de descumprimento de decreto do governo.

Sorte dos que estão em regiões menos afetadas e que têm mais alternativas à disposição, mas ainda assim ninguém terá um campo de futebol disponível para se preparar para a reta final da competição estadual.

Grêmio e Inter treinam fisicamente há semanas. Os jogos da Dupla tendem a ser os mais difíceis também por isso. Não imagino que a cobrança do torcedor será solidária durante a pandemia, mas vale o alerta de que os erros de arbitragem devem acontecer com maior incidência do que o normal.

Conversei com alguns árbitros. Há quem não coloque uma chuteira nos pés desde a parada do Gauchão. Não vou citar nomes para não expor ninguém. O consenso é de que as dificuldades são enormes. Elas só não superam a vontade voltar a trabalhar e, principalmente, receber as taxas pelos jogos apitados. 

Pelo menos a parte teórica pode ser trabalhada sem tanto prejuízo de forma online, mas a parte física precisará ser compensada na vontade.

Salve-se quem puder. Boa sorte, mais do que nunca, aos árbitros do Gauchão.