É fascinante como episódios óbvios são capazes de revelar histórias imprevisíveis. Tem sido assim nos últimos finais de semana nas retransmissões de conquistas históricas da dupla Gre-Nal feitas pela Rádio Gaúcha e pela RBS TV. Não será diferente neste domingo (31). O projeto Saudade do Esporte chega ao Mundial conquistado pelo Grêmio em 1983. Todos nós sabemos como essa história termina, com os dois gols de Renato na vitória por 2 a 1 do Tricolor contra o Hamburgo. O inusitado está nos relatos surpreendentes que cercam esses fatos que já conhecemos de trás para frente.
Neste sábado (30), no programa Show de Bola, da Rádio Gaúcha, ouvimos Leonardo Portaluppi, sobrinho do ídolo e atual técnico gremista. O papo resgatou histórias que estavam perdidas e algumas que talvez nunca tenham sido contadas até então. Leonardo ganhou de presente a camisa utilizada pelo tio Renato no primeiro tempo da decisão do Mundial de 1983. A do segundo tempo está com o lateral-esquerdo Schröder, do Hamburgo. O que pouca gente sabia é que esse objeto valioso quase foi roubado alguns anos atrás.
A tentativa frustrada ocorreu em 2007. Depois do título do Gauchão conquistado pelo Grêmio, Leonardo saiu para comemorar com a família em uma carreata pelas ruas de Bento Gonçalves, na Serra. Estava ao lado da esposa Juliane e da mãe Íris, irmã de Renato. Em um momento de distração, dois homens passaram em uma moto e pegaram a histórica camisa 7 de 1983, que estava do lado de fora do carro.
— Eu só escutei a minha mãe gritar atrás: "Pegaram a camisa do tio". Olhei e o cara estava com a camiseta na mão. Ah, não acreditei! Até hoje não sei como aquele estacionamento do lado direito não tinha ninguém e nenhum auto parado para atrapalhar. Consegui colocar o auto pela direita e andar mais uns 40 metros até fugir do tumulto maior da comemoração. E fui com sangue nos olhos, tipo Mad Max (risos) — revelou Leonardo Portaluppi.
A saga para recuperar a camisa utilizada por Renato Portaluppi continuou. A velocidade que Leonardo colocou no carro assustou os motoqueiros.
— A moto era pequeninha e acho que ele percebeu que eu não ia frear. Quando eu estava a uns cinco ou seis metros, ele largou a camiseta no chão. Deve ter dito: "esse maluco, por causa de uma camiseta velha, vai me matar" (risos). Aí eu parei o auto em cima da camiseta, pedi para minha esposa Juliane descer e pegar. Aí, naquela adrenalina, falei com a minha mãe para que ela não colocasse mais a camiseta fora do carro, pois ela nem deveria estar lá. Quase perdemos (a camiseta) e o motoqueiro nem sabia o que estava levando — completou o sobrinho de Renato.
Durante a entrevista, Leonardo Portaluppi também falou sobre a emoção de poder acompanhar pela primeira vez a íntegra da partida mais importante da carreira do tio. Ele tinha um ano de vida quando o Grêmio enfrentou e venceu o Hamburgo, em 1983. Só que a alegria será em dobro, pois a partida será acompanhada ao lado do filho Matheus, que completa 10 anos no começo de junho. Será mais um final de semana para matar a Saudade do Esporte.