Qualquer polêmica de arbitragem fica em segundo plano quando há uma vitória elástica como a goleada por 4 a 1 do Grêmio sobre o Atlético-MG. Isso não quer dizer que seja proibido debater o desempenho do paulista Luiz Flávio de Oliveira na partida deste domingo, no Estádio Independência, pela 25ª rodada do Brasileirão. É fato que o juiz do quadro da Fifa teve uma atuação relativamente tranquila e acertou nas principais decisões técnicas e disciplinares. Ainda assim, digo que o andamento do jogo contribuiu para isso.
Trago essa perspectiva principalmente por conta de uma decisão tomada com o auxílio do árbitro de vídeo, que era o paulista José Cláudio Rocha Filho. Discordo da interpretação em relação ao pênalti marcado em favor da equipe mineira no final da etapa inicial.
O lance passou batido dentro de campo. Luiz Flávio só decidiu apitar a infração após ser alertado pelo VAR por entender que o Galhardo fez carga para derrubar Luan dentro da área após cobrança de escanteio.
Esse é o tipo lance que serve e muito para a reflexão sobre qual deve ser a linha de conduta e de interferência do recurso no jogo. A imagem não deixa dúvidas de que o lateral gremista segurou a camiseta do atacante atleticano. Ao mesmo tempo, o monitor não apresenta elementos claros que nos mostrem que tenha ocorrido um puxão empurrão. A forma como Luan cai no gramado se projetando para a frente não condiz com o gesto do adversário.
Parece que os jogadores brasileiros estão criando a atuação para o VAR. Ao ver que não conseguirá nada no lance e perceber o mínimo contato de um atleta da equipe contrária, eles se jogam acintosamente para tentar levar a turma do vídeo no embalo. Isso está gerando pênaltis bastante discutíveis. Os árbitros de campo chegam ao monitor e são confrontados com a necessidade de interpretar o contexto de um lance, algo que até então não era rotina.
Ali, diante da tela, eles têm duas situações. Uma delas é a existência de um contato que pode ser provado pelo vídeo. A outra é a "medição" de intensidade ou de impacto tático no adversário, que é subjetiva. A maioria tem escolhido a opção a, que acaba sendo a mais fácil para não se comprometer.
Foi assim hoje no Independência em Atlético-MG x Grêmio e havia sido assim dias atrás no Mineirão em Cruzeiro x Inter. Só não podemos cair na armadilha de dizer que os únicos errados são os do apito, pois a culpa também deve ser colocada na conta do comportamento "malandro" dos jogadores. Os árbitros brasileiros precisarão ter personalidade para olhar o vídeo com a profundidade necessária para fugir deste tipo de armadilha.