O Gre-Nal 420 trouxe uma grande lição para o futuro do uso do VAR. Mostrou como o recurso não deve ser utilizado. O maior problema no pênalti marcado para a equipe do Grêmio parece passar necessariamente pelo recorte de imagem oferecido ao árbitro Jean Pierre Lima.
Acredito que o vídeo apresentado no monitor à beira do gramado tenha induzido o juiz do clássico a interpretar de forma equivocada o lance entre Guilherme Parede e Cortez. Houve um puxão do jogador colorado no calção do gremista, que termina dentro da área. Entretanto, não vejo intensidade no gesto para justificar a infração. Eu não marcaria a penalidade.
A imagem observada por Jean Pierre Lima no monitor pareceu ter ficado estagnada no momento específico em que Parede agarra o calção de Cortez. Não se pode decidir pela marcação ou não de um pênalti assim. O VAR não pode transformar o futebol em outro esporte a partir do uso da câmera lenta.
Esse recurso deve servir para mostrar uma zona de contato ou uma ação específica, mas é fundamental que o árbitro tenha à disposição o vídeo com movimento em tempo real para avaliar o lance com maior precisão. O VAR não pode limitar as ferramentas que o árbitro principal tem. Tem que aumentar a capacidade para que ele possa alcançar a melhor decisão possível. Considero que isso não tenha acontecido no Gre-Nal 420.
A melhor decisão teria sido deixar o jogo seguir, como Jean Pierre Lima fez no campo. O prejuízo do pênalti marcado foi reduzido pela defesa de Marcelo Lomba na cobrança de André. O goleiro do Inter salvou o VAR de um prejuízo maior.
Vem aí o Brasileirão e a novidade está só começando. Teremos o VAR em todas as rodadas e precisaremos aprender a compreender as interpretações que dividem opiniões. O árbitro de vídeo veio para ajudar e tenho convicção de que alcançará o objetivo de reduzir os erros de arbitragem. O mundo do futebol ainda está se acostumando com o recurso. O clássico desta quarta-feira (17) provou que a fase é de ajustes para todos e a adaptação será longa.