O princípio básico do árbitro assistente de vídeo é buscar o maior benefício com a menor interferência possível no jogo. Partindo disso, o protocolo diz que só os lances claros e inequívocos devem ser revisados. Só que não é isso que está acontecendo na Copa da Rússia. O objetivo de evitar avaliações subjetivas não está sendo cumprido. A falta de critério não pode matar o árbitro de vídeo, mas é isso que ocorrerá se essa grande evolução não for bem executada.
No empate em 1 a 1 entre Portugal e Irã, tivemos bons exemplos de como o recurso eletrônico não deve ser utilizado. A falta de critério ficou evidente.
O primeiro lance de interferência foi o pênalti marcado sobre Cristiano Ronaldo. O paraguaio Enrique Cáceres havia considerado a jogada normal. Depois de receber a informação do árbitro de vídeo e conferir a jogada no monitor à beira do gramado, ele voltou atrás. A grande questão nesse caso é o critério. Uma coisa é dar opinião sobre a existência ou não de infração. Outra é considerar que a não marcação do pênalti caracterizava um erro claro. Se isso era para revisão, o lance em que Boateng derruba Berg dentro da área no jogo entre Alemanha e Suécia também era. Só que não foi revisado.
Houve outro lance que chamou atenção. O árbitro paraguaio foi chamado para avaliar a possibilidade de aplicação de cartão vermelho direto para Cristiano Ronaldo. Depois de olhar a imagem, percebeu que o português até atingiu o rosto do adversário. No entanto, mostrou só o amarelo porque não houve agressão. A revisão desse lance foi um erro absurdo do árbitro de vídeo. Tudo que não ocorreu neste caso foi um erro claro do juiz principal para justificar o uso do recurso eletrônico. Não é esse tipo de interferência que o protocolo pede.
Por fim, houve um pênalti mal marcado para o Irã no final do jogo. Depois de um cruzamento para a área, Ramin cabeceou e a bola desviou no braço de Cédric. O juiz mais uma vez ignorou e só marcou a infração depois da interferência do árbitro de vídeo. O problema mais uma vez está no critério. Houve situação idêntica em que não houve a marcação do pênalti para a Islândia no jogo contra a Argentina. Além disso, o árbitro de vídeo não solicitou a revisão do juiz principal. Ou seja, estamos falando de um lance que não se enquadra no protocolo como um erro claro de arbitragem. Por isso, o recurso eletrônico não deveria entrar em ação.
Todas essas questões duvidosas e polêmicas mostram que a confusão em torno do uso do árbitro de vídeo não é só do público. A Copa da Rússia está mostrando nem a arbitragem entendeu ainda quando o recurso deve ser realmente utilizado.