Na última segunda-feira, o repórter Marcelo Gonzatto recebeu a missão de mostrar como é o projeto que concede à iniciativa privada algumas partes do Delta do Jacuí. Desde o final dos anos 1970, a área que abrange as ilhas da Pintada e da Casa da Pólvora foi transformada em um parque estadual, com o objetivo de preservar um refúgio natural que abriga dezenas de espécies animais em meio a rios e canais.
Para entender o plano do governo estadual e o porquê de estar gerando polêmica entre ambientalistas, Gonzatto precisava conhecer uma das porções do parque mais importantes: o conjunto de construções históricas que fica na Ilha da Pólvora. Depois de ler documentos e fazer entrevistas, o repórter, juntamente com o fotógrafo Jonathan Heckler, entrou na aventura de chegar até o local, que, apesar de ficar do outro lado do Guaíba, bem defronte ao Cais Mauá, não tem acesso por terra.
Na última quarta-feira – último dia possível para conhecer a ilha a tempo de concluir a reportagem para esta edição –, Gonzatto e Jonathan tentaram alugar uma embarcação que saísse da área central da Capital. Sem sucesso, foram por terra até a Ilha da Pintada na esperança de conseguir o transporte de lá.
– Conseguimos alugar um pequeno barco a motor com um pescador da região e fomos até lá . Era importante mostrar construções históricas como o antigo Paiol (onde já se guardou a pólvora da Capital) e a Casa da Guarda (cuja torre pode ser vista desde o Centro), nem que fosse de dentro do barco apenas – conta Gonzatto.
Ao chegar à ilha, mais um desafio: como a área é alagada, não há como caminhar pelo chão. Ambos tiveram que subir no trapiche deteriorado pela ação do tempo e andar sobre as vigas para reduzir o risco de algum acidente. Já dentro da ilha, tiveram a grata surpresa de encontrar o seu Caco, morador que vive isolado naquela região há várias décadas.
– Com a ajuda do morador, circulamos pelas passarelas que levam de uma construção a outra e registramos a situação de abandono das estruturas, que haviam sido reformadas em 2001 a um custo superior a R$ 2,6 milhões – afirma Gonzatto.
A reportagem está no caderno DOC.