O repórter Fábio Schaffner, que nasceu em Bagé, passou boa parte da infância e da juventude transitando pela BR-293, rodovia que leva ao município de Candiota. A imagem de uma imensa torre precipitando-se no horizonte sempre o intrigou. A chaminé da usina termelétrica de Candiota fumegando representava a energia que iluminava as casas, mas também a poluição que espalhava cinzas tóxicas pela região. No mês passado, o repórter foi alertado para uma situação que a cidade vive. Disposta a neutralizar suas emissões de carbono, a Eletrobras colocou à venda a única termelétrica a carvão no portfólio da empresa. A notícia trouxe inquietação aos 10,7 mil moradores, já que a cadeia energética é o motor da economia local, responsável pela metade dos empregos formais e por 40% da arrecadação da prefeitura.
Durante quatro dias, Fábio e o repórter fotográfico Jefferson Botega circularam por Candiota e Bagé ouvindo moradores, trabalhadores, políticos, empresários, pesquisadores e ambientalistas para entender a realidade local e saber como está sendo traçado o futuro do município diante do principal desafio ambiental dos tempos atuais: a emissão de gases de efeito estufa.
É função de um jornalista expor o problema e os desafios e também apresentar alternativas a partir de opiniões de quem está diretamente envolvido no tema. Como destaca Fábio, há um dilema a ser resolvido, no qual uma cidade assentada sobre reservas gigantescas de uma matéria-prima condenada precisa encontrar uma nova base econômica em menos de 18 meses, prazo para encerramento dos contratos de venda de energia da usina. E a busca por soluções não é só da comunidade, é também dos governos estadual e federal.
– Como jornalista, creio que nosso papel é dar voz a todos os atores desse processo, buscando o equilíbrio para que o drama social, a preservação ambiental e a questão econômica tenham a devida relevância preservada na reportagem, sem deixar de cobrar das autoridades alternativas que mantenham os empregos do município – afirma o repórter.
O conteúdo que ilustra a capa está nas páginas 18 e 19 e também pode ser acessado pelo site e pelo aplicativo de GZH.