A agência meteorológica das Nações Unidas anunciou nesta segunda-feira (6) que deu um passo significativo para a criação de uma plataforma que permitirá um melhor monitoramento dos gases de efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global. O objetivo da plataforma é oferecer dados desagregados sobre essas emissões, o que ajudaria a elaborar políticas mais eficientes para reduzi-las ou limitá-las.
Os três principais gases de efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O).
O projeto foi aprovado na semana passada durante reunião do conselho executivo da Organização Meteorológica Mundial (OMM), mas ainda precisa da aprovação de seu congresso, que ocorrerá em maio em Genebra.
— Atualmente, sabemos o excesso de CO2 que liberamos a cada ano na atmosfera. Temos dados globais — disse Lars Peter Riishojgaard, vice-diretor do departamento de infraestrutura da OMM, em entrevista coletiva.
Mas "todos podem dizer 'não sou eu, minha empresa é neutra em carbono' ou se for um país, pode dizer 'reduzi tanto e tanto minhas emissões no ano passado'", explicou.
A ONU busca acabar com essa situação por meio de um banco de dados atualizado mensalmente, que permitirá examinar em um mapa a origem das emissões e o local onde são lançadas. Até agora, os dados globais eram publicados anualmente. A organização internacional espera ainda que contribua para uma melhor aplicação dos objetivos do Acordo de Paris de 2015, que visam limitar o aquecimento global a um máximo de 1,5ºC.
"Graças aos nossos dados, sabemos que as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera estão em um nível recorde", afirmou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em comunicado. "O aumento dos níveis de CO2 entre 2020 e 2021 foi superior à taxa média de crescimento da última década. O metano registrou o maior aumento anual" desde que os dados começaram a ser monitorados.
Mas as incertezas permanecem, "particularmente em relação ao papel do oceano, da biosfera terrestre e das áreas de permafrost no ciclo do carbono", disse Taalas. A OMM tem 193 Estados e Territórios membros. Seu conselho executivo reúne mais de 30 países, incluindo Brasil, Estados Unidos, China, Rússia e Índia.
* AFP