Claro que o resultado era essencial, talvez a única maneira de evitar algo pior no Beira-Rio, após a derrota no Gauchão e o mau começo na Sul-Americana. Mas houve algo mais positivo do que o 2 a 1 sobre o Bahia. É que a vitória veio de virada, tomando gol já no segundo tempo.
Notava-se insegurança, nervosismo e, por conta disso, erros técnico. Mas não faltou indignação em momento algum. E você sabe muito bem: sem atitude, pode ter o melhor time ou o melhor elenco que nada funcionará.
Em uma semana tensa, com questões de vestiário aflorando e torcida perto da revolta, a resposta nesse sentido foi boa porque renova a esperança de que o problema não está no vestiário. Ou, pelo menos, que os problemas nessa área têm solução. Em tese, indica que Eduardo Coudet conseguiu remobilizar o grupo. A ver, claro. É um jogo apenas. Como será na sequência?
A atuação não foi a melhor, até porque a ausência de uma só tacada dos três melhores jogadores — Valencia, Alan Patrick e Aránguiz —, naturalmente rebaixou o nível técnico e coletivo. Mas a sensação passada pelos jogadores foi a de que era preciso ganhar de qualquer maneira, mesmo que fosse usando a bola aérea ou bola parada. Se não dava do jeito preferencial, que fosse pela indignação.
As mudanças de Coudet no intervalo melhoraram muito a equipe, até então pior do que o Bahia. Mercado, Bruno Henrique e Wesley entraram nos lugares de Thiago Maia, Bruno Gomes e Lucca. Com Mercado na zaga, Fernando virou volante. Wesley entrou pelo lado direito e Mauricio se aproximou de Borré.
Deu certo. O time ficou mais vertical e agudo. A troca dos Brunos foi decisiva. Gomes foi menos do que um arremedo de armador. Não conseguia dominar e virar para frente. Só carimbava para trás, fazendo de Vitão o criador. Henrique qualificou essa transição. Wesley entrou bem. Assumiu o jogo. Foi para cima. Entrou na área. Fez gol. Merece permanecer no time.
Outra leitura positiva é de que os dois gols vieram da janela de transferências: Wesley e Fernando. Dois reforços trazidos este ano. Então, mesmo sem seus três melhores jogadores, importantes para o conceito de futebol pretendido, o elenco resolveu. De um jeito ou de outro, resolveu. A decepção novamente foi Borré, que perde um gol atrás do outro.
Bem, contra Palmeiras e Athletico-PR, fora de casa, a exigência será muito maior. A crise não está estancada por uma vitória sobre o Bahia, que vinha mal. Nem o passivo de fracassos recentes. E, ao que se sabe, ainda sem Valencia, Aránguiz e Alan Patrick.
Empates em Barueri e Arena da Baixada são Goethe, nesse cenário. Mas essa vitória sobre o Bahia, na estreia, em casa, era fundamental também pelos próximos dois jogos. A torcida queria ver alma na noite chuvosa deste sábado (13). E viu. Só isso é pouco, mas pode ser um primeiro passo para sair da crise.