Dia desses, vi uma entrevista cirúrgica de Carlo Ancelotti. Ele muda o tom das suas repostas ao ser perguntado sobre o comportamento de Vini Jr. Passa a questionar a premissa da questão. Por que o chamam de macaco nos estádios? Por que é caçado com faltas? Por que é agredido e o agressor se sente no direito de reclamar do árbitro? Por que leva cartão e o outro não? Por que mais de um ex-jogador — todos brancos, não apor acaso — falam em "mudar o comportamento"?
A narrativa é de que os crimes contra Vini Jr nascem de sua índole. Além de mentira, é o contrário. Praticam os crimes para provocá-lo e usar suas reações no sentido de desconstruí-lo.
O choro de Vini Jr antes do jogo contra a Espanha é o de um jovem de 23 anos sem forças para lutar sozinho diante de um sistema que, sem trégua, o identificou como alvo a ser não apenas silenciado, mas exterminado. Fiquei com ainda mais certeza do que publiquei no Instagram, no dia 9 de março. Extrapolou. Deixou de ser só futebol. É algo maior. Vontade de dar um abraço em Vini Jr, como cidadão.