Após encerrar 2023 com uma sequência de três derrotas nas Eliminatórias, a Seleção Brasileira iniciou 2024 com vitória sobre a Inglaterra. O amistoso, disputado no último sábado no mítico Estádio de Wembley, marcou a estreia de Dorival Jr e o primeiro gol do garoto Endrick pela Seleção. O Desenho Tático de GZH mostra como funcionou o Brasil no primeiro jogo com o novo treinador.
Diante de um adversário que tem um trabalho consolidado de oito anos sob o comando de Gareth Southgate, Dorival Jr apostou em uma solidez defensiva como ponto forte para conter a favorita Inglaterra. Com a bola, o treinador optou por ter mobilidade no setor ofensivo, mas diferente do que fazia seu antecessor Fernando Diniz.
O Brasil iniciou o jogo postado no sistema tático 4-3-3. Bruno Guimarães foi o volante postado à frente da defesa com Lucas Paquetá e João Gomes adiantados fechando o tripé. Paquetá teve maior liberdade para se juntar ao ataque que João Gomes, sendo um jogador fundamental para apostar em atacar em transições feita por Dorival.
Seleção partiu do sistema 4-3-3:
Para combater o maior entrosamento da Inglaterra, Dorival montou uma linha defensiva sólida segurando os laterais Danilo e Wendell na maior parte do tempo. À frente deles, Raphinha tinha a missão de fechar o setor direito enquanto Vini Jr. ganhava um pouco de liberdade no outro setor.
João Gomes em muitos momentos cobriu as subidas do lateral-direito inglês (primeiro Walker e depois Konsa) permitindo que Vini pudesse ficar adiantado para ser acionado nos contra-ataques. Foi assim que o Brasil construiu sua primeira grande chance no primeiro tempo, quando Paquetá saiu da pressão inglesa e lançou Vini, que chegou a tocar na saída do goleiro Pickford, mas viu Walker salvar quase em cima da linha.
Como o Brasil defendeu:
A proposta defensiva de Dorival Jr teve sucesso. Além do gol perdido por Vini Jr, Paquetá teve a outra grande chance do primeiro tempo em lance no qual acertou a trave. Com maior posse, a Inglaterra teve ao longo do jogo o mesmo número de finalizações que o Brasil (14 a 14), mas chutou apenas três vezes no alvo.
No segundo tempo, o time inglês obrigou Bento a fazer apenas uma defesa. Ou seja, a maior presença no campo de ataque não surtiu em chances claras para o time mandante. Foi por um contra-ataque que o Brasil construiu o gol da vitória com o garoto Endrick, que aproveitou a sobra da tentativa de Vinir Jr.
Para o funcionamento da estratégia, foi fundamental a combatitividade do meio-campo. Sem Casemiro, o Brasil ganhou mobilidade com Bruno Guimarães, João Gomes e Lucas Paquetá. Os três jogadores atuam na Premier League e conseguiram superar a intensidade do meio-campo da Inglaterra.
Aproximações no setor ofensivo
Com a bola, Dorival Jr. mostrou diferenças em relação ao jeito que o Brasil atacava com Fernando Diniz. Além de apostar em transições rápidas na maior parte do tempo, o Brasil teve uma estratégia de aproximar jogadores quando teve a bola no campo de ataque.
Se com Diniz a ideia era sempre levar o máximo de jogadores para o setor da bola independente de onde ela estivesse, com Dorival a ideia consistiu em juntar mais atletas pela faixa central do campo. Assim, Raphinha era o responsável por dar amplitude pelo setor direito enquanto Wendell aparecia para fazer esse papel pela esquerda, um movimento que permitia Vini Jr ir a movimentar para dentro.
Sem um centroavante de ofício, Rodrygo fez o papel de falso 9. O Brasil, então, tinha os recuos de Rodrygo, as diagonais de Vini e os avanços de Paquetá e João Gomes para ter quatro jogadores para gerar superioridade contra o trio de meio-campo inglês.
Brasil em organização ofensiva contra a Inglaterra:
Depois de maus resultados e atuações decepcionantes nos interinatos de Ramon Menezes e Fernando Diniz, uma vitória sobre a Inglaterra na estreia de Dorival Jr deu motivos para a retomada de confiança na Seleção Brasileira. A estratégia de ter menos a bola e jogar mais no campo defensivo deve ser repetida nesta terça-feira (26) diante da Espanha, um adversário que também tem o costume de jogar com alta posse de bola e ocupar o campo de ataque.
Com o tempo, porém, Dorival precisará construir um modelo de jogo de maior imposição para o Brasil encarar adversários fechados. Esse será um segundo passo para o treinador, que na primeira ideia teve sucesso para superar o favoritismo inglês.