O Grêmio campeão de Renato, especialmente o de 2016/2017, era a antítese do que se convencionou chamar de alma castelhana. Antes, a brincadeira com a imortalidade, que vem do hino, era recorrente. As classificações eram suadas, heroicas, sofridas, às vezes improváveis, dentro daquela ideia de primeiro se fechar para depois, quem sabe, todavia, mas, porém, construir a vitória com um gol. Dois já era goleada.
Havia certo orgulho em conquistar objetivos dessa maneira, enquanto o futebol com alguma plasticidade era visto como algo enfeitado, tisnado pela empáfia e moralmente condenável. Nunca e demais lembrar que o Grêmio, comandado pelo próprio Felipão, foi multicampeão dessa maneira. Tinha ótimos jogadores, claro, mas não era um time de posse de bola que perseguia o futebol plástico. Era muito eficiente enquanto equipe. E valente. Tinha uma disposição, uma crença até o final que impressionava.
Aí vem Renato e tira o Grêmio da fila jogando para frente, a certa altura com dois volantes quem mal sujavam o calção, Maicon e Arthur, um baixinho como Ramiro e outro leve, caso de Luan. Os títulos voltaram sem sofrimento, ganhando em casa e fora. Preservada, a imortalidade evitou desconforto muscular.
Uma revolução de Renato, pela hegemonia da visão anterior. Agora, a contrarrevolução. Há vários sinais, de maior e menor relevância. Em vez do driblador Guilherme Azevedo, o disciplinado Léo Pereira. Matheus Henrique, negociado. Maicon, vendo que o modelo de jogo não tem lugar para ele, anuncia que em dezembro sai.
Thiago Santos e Lucas Silva ganham espaço. Villasanti, o paraguaio apresentado na quinta-feira (12), é jogador de transição e ultrapassagem. Não é de toque curto, como Matheus. Cortez ressurge por defender, à frente dos ofensivos Guilherme Guedes e Diogo Barbosa. Não se trata de certo e errado, mas de conceitos bem diferentes.
Depois da revolução iniciada por Roger e consagrada com Renato, eis a contrarrevolução com Felipão.