A morte do apresentador Rodrigo Rodrigues, aos 45 anos, levado pela covid-19, é mais do que a morte de um colega de bem com a vida, cuja grande virtude era não se levar tão a sério. Eis aí um talento para poucos, porque indica a humildade de aprender com os próprios erros e aceitar os dos outros. Daí o bom humor contagiante do Rodrigo.
Não tive o prazer de trabalhar com ele na rotina presencial do dia a dia, mas em algumas vezes no Redação SporTV. Numa dessas vezes, ele me deu boas-vindas com uma brincadeira: "Com um sobrenome desses, Olivier, eu arrumava lugar em qualquer banda do mundo". Rimos todos, e o programa fluiu muito melhor.
Não é uma gripezinha. Não é uma doença superestimada. Ao contrário: é subdimensionada, na esteira das subnotificações e da baixa testagem. Quem não puder ficar em casa, saia de máscara e fuja de aglomerações como o diabo da cruz. Ah, não é para tanto: a maioria das mortes vêm do grupo de risco. Então só importam vidas de brasileiros com menos de 60 anos, magros e que nunca tiveram doença alguma?
Que a morte do Rodrigo, pela repercussão e visibilidade, nos convide a certas reflexões urgentes nesse momento tão terrível da humanidade. Basta de negar a realidade que grita à nossa frente.