Conheço muitos jogadores que são torcedores raiz mesmo no Inter, como Falcão, Tinga ou Rodrigo Dourado, só para ficar em épocas diferentes. Mas é difícil superar Taison. Lembro de quando, ainda nos tempos (que saudade!) da TV COM, ele entrava no ar e, antes e depois, ficava de papo com o pessoal da área técnica para saber quanto estava aquele resultado do sub-20 ou sub-17. Às vezes até já sabia. Só queria puxar papo mesmo.
Taison é muito colorado, portanto. Nasceu no bairro mais pobre de Pelotas, o Fragata. Ainda moleque no Inter, chegou a fugir do Beira-Rio, com saudade da família. Sua trajetória é bonita. Não jogou, mas estava no grupo de Tite na Copa da Rússia, em 2018. Ganhou Libertadores pelo Inter, em 2010.
O futebol lhe garantiu maturidade. Contra todos os prognósticos, se deu muito bem em uma terra inóspita. Lá se vai uma década na Ucrânia, primeiro no Metallist e, depois, no Shakhtar, onde volta e meia carrega a braçadeira de capitão. Aquele menino com medo de sair de perto dos pais ficou para trás.
Taison tem palavra. Prometeu cumprir o seu contrato com o Shakhtar até o último segundo, no fim de junho de 2021. Repete isso várias vezes, inclusive repetiu durante o Lance de Craque, amistoso anual organizado por D'Alessandro. Claro que o argentino, seu amigo, fez a ponte com Eduardo Coudet. Taison poderia, e acredito que fará isso, assinar pré-contrato com o Inter seis meses antes.
Mas jogar mesmo, só no meio do ano que vem.
Minha percepção, somando o coloradismo de Taison, a maneira como cortou qualquer chance de jogar no Corinthians no ano passado, mesmo que o Shakhtar o liberasse, e os problemas médicos enfrentados pelo pai, que tem câncer, é a seguinte: Taison vai encerrar a sua carreira no Inter.
Chegará no meio de 2021, aos 33 anos, em boa forma física, magrinho, uma vez que forma física nunca foi o seu problema. O biotipo magrinho ajuda. Ou, e não dá para descartar essa hipótese totalmente, até antes.
Nesse caso, os ucranianos teriam de liberá-lo em agradecimento (ele é ídolo lá) pela larga folha de serviços prestados, dando-lhe a chance de ficar com o pai doente, que liga para ele a toda hora. Mas Taison, com a vida ganha após uma década de sucesso e riqueza no Leste Europeu, encerrar a carreira no Inter?
Isso é certo como a chegada do inverno.