Podia ser qualquer outro clube. A crítica seria mesma. Também é importante ressaltar que discordar da direção nada tem a ver com a instituição. Um torcedor do Flamengo, no meu Instagram, perguntou-me a razão de, segundo ele, "tanto ódio" de minha parte contra o Flamengo.
Nada a ver, tanto que ressalto a todo instante como o Flamengo montou um baita time, bonito de ver jogar, e soube se reorganizar, pagando dívídas históricas e aumentando receitas. Trata-se de uma questão pontual. Tudo tem limite.
A atual direção perdeu a noção. O Flamengo não pode mandar no futebol brasileiro como se os outros fossem vaquinhas de presépio. Não pode fazer o que bem entende sem consultar ninguém.
Não paga corretamente as indenizações aos familiares dos seus meninos da base mortos no incêndio do Ninho do Urubu. Tem dinheiro suficiente para celebrar acordos com humanidade, mas contesta valores e deixa processos seguirem na Justiça. Fica por isso mesmo.
Volta a treinar contrariando decreto municipal. Forçou a barra e levou. Agora, se alia ao Governo Federal para empurrar goela abaixo não apenas o retorno do campeonato no Estado com o maior índice de letalidade para covid-19 do Brasil, que é o Rio de Janeiro.
O Flamengo tramou uma Medida Provisória com o presidente Jair Bolsonaro para mudar as regras de transmissão de TV, transformando o mandante no dono total dos direitos. No meio jurídico, está sendo chamada de "MP do Flamengo". Nem vou discutir se está certo ou errado, mas o absurdo é o Flamengo decidir sozinho questões que afetam os outros sem pedir permissão, licença ou opinião, como jogasse sozinho.
É como se Botafogo, Fluminense, Grêmio, Inter e seus adversários fossem invisíveis. Por que não discutir o tema antes de tentar ganhar no canetaço, através de Medida Provisória que, inclusive, pode ser derrubada no Congresso? Qual o problema em dialogar em vez de determinar e ponto final?
Daqui a pouco o Flamengo vai decidir que vitória no Maracanã vale quatro pontos para o mandante. Aí entra no STJD reclamando da diferença de pontos na tabela e pronto: resolvido. Não pode ser tão autoritário assim.
O Flamengo é grande e tem a maior torcida do Brasil, mas isso não pode significar arrogância e menosprezo com os demais. Os clubes têm de se mobilizar para não ficarem à reboque.