Na votação histórica que expulsou do quadro social do Inter Vitorio Piffero e Pedro Affatato, cassando-lhes direitos políticos na esfera esportiva por 10 anos, houve um episódio curioso. Na hora de opinar online, a conselheira Rosângela Brasil, do movimento Povo do Clube, se atrapalhou na frente do computador. Ela queria punir os dois, mas terminou acolhendo seus recursos. Apressou-se em avisar da mancada.
Foram raros os opositores das conclusões de mérito da comissão de ética, que se baseou nas denúncias de irregularidades e na investigação em andamento no MP. Dá até para citar um por um: Paulo Roberto Ribeiro de Castro (MIG), Luis Carlos Freitas Hauber (MIG), Remy Susin (Inter Maior) e Sergio Nicolaiewsky (DNA Colorado). Isso em mais de 300 conselheiros.
A expulsão de Piffero é emblemática. Não se de trata de um derrotado no campo. O Inter foi rebaixado sob sua direção em 2016, sim, mas 10 anos antes vencia o Mundial com ele no futebol. Em 2007, eleito por aclamação, seguiu erguendo taças. Contestá-lo, lá atrás, era heresia.
Agora, na expulsão, herege era quem o apoiasse. O que isso sinaliza para o futebol brasileiro? A estrutura do Poder Judiciário está entrando nos clubes. Aquela máxima de que tudo se ajeita no Conselho, da corrupção ao simples erro de gestão, passando por incompetência ou irresponsabilidade, já não é mais bem assim. É só ver o Cruzeiro, com a Polícia Civil revirando a Toca da Raposa do avesso. A profissionalização radical, diante de orçamentos de até um bilhão de reais, é um caminho sem volta.