Sim, a volta do futebol na Europa terá reflexos no mesmo processo que o Brasil, um dia, terá de retomar. A ideia de que o Rio Grande do Sul será pioneiro, com números sempre melhores durante toda a pandemia do que Espanha e Itália, e estes dois países já pensam em retomar campeonatos, parece-me consagrada.
Nestes meus 15 dias de férias, deu para perceber claramente uma questão provincial. O debate politizado que quase contaminou a discussão ao redor até dos treinos físicos nos CTs visando ao Gauchão, dividido entre isolamento radical por meses a fio (esquerda) e todos à rua em massa (direita), perdeu fôlego diante das notícias acerca da sensatez alemã.
A Alemanha cumpriu a cartilha científica, como manda a OMS: isolou as pessoas para robustecer o sistema de saúde e frear o contágio, colocando a vida em primeiro lugar. Enquanto isso, planejou como seria o risco calculado do imprescindível retorno às atividades, para evitar mais desemprego e o drama econômico no dia a dia das pessoas.
De todos os esportes, o nobre esporte bretão é o mais relevante nesse processo maior, embora não seja essencial do ponto de vista formal. Centenas de milhões de habitantes, ao redor do planeta, planejam o seu domingo em torno de uma partida de futebol, após uma semana de trabalho duro. Mesmo sem ir ao estádio, o farão diante da TV. Realismo sem esperança e sem luta com base em dados reais para melhorar vira mediocridade. A volta da bola rolando pela Alemanha me lembrou do 7 a 1, mas dessa vez a favor do mundo.