Alguns clubes esboçam, nos bastidores, boicote à Divisão de Acesso, paralisada após três rodadas e remarcada para agosto. Alegam que não se sustentarão (pagar salários) até lá. O jeito seria fechar portas e reabrir só em 2021, misturando Segunda e Terceira divisões em um campeonato com cerca de 30 clubes.
Compreendo o drama gerado pela pausa. Futebol no Interior tem muito de abnegação. Mas três dezenas de times, unindo alhos e bugalhos? Seria um monstrengo. Se a questão é pressionar por mais socorro local, então está resolvido: adeus, Acesso.
Parece-me claro que a FGF não é a CBF. Esta se banha em ouro, graças à Seleção, além de recolher milhões em taxas país afora. Deveria ajudar. A FGF tem limitações.
Luciano Hocsman, presidente da FGF, me diz que o Esportivo concordou com as orientações enviadas pela CBF, de só voltar a treinar na alvorada de maio. Os outros clubes, que cumprem o acordo, estão chiando.
Se os dirigentes do Esportivo empenharam a palavra, não fica nem bem roer a corda. Pode parecer o velho jeitinho que o país luta para acabar, o de sempre tentar levar vantagem, no caso pegando carona na flexibilização do decreto do governador Eduardo Leite para se adiantar fisicamente.
O Flamengo pensou em voltar, mas funcionários e até jogadores não gostaram da ideia. A Federação Paulista reuniu filiados e prometeu finalizar o Estadual, mas não avançou o sinal, ainda mais em um estado no qual mais de 50% dos leitos de UTI estão ocupados por pacientes com a covid-19. Por que todos não esperam até o fim de abril, pelo menos, conforme o combinado, se não haverá jogo antes disso?
Enquanto isso, claro, o debate sobre como se dará o retorno não apenas é válido como totalmente necessário.