Quem faz do VAR cavalo de batalha são os mesmos que antes resmungavam dos erros bisonhos de arbitragem. São coerentes, é bom que se diga. Antes, se o pereba desse um soco sem bola no craque adversário, enquanto o juiz estivesse de costas, restava à vítima juntar os dentes.
Hoje, o VAR expulsa o ruim. Vale o mesmo para impedimentos antes mal marcados por quilômetros de distância. Agora, é só a máquina traçar a linha, como Leonardo Gaciba explica no bom vídeo tutorial divulgado nas redes sociais. São várias câmeras. Uma pode enganar. Todas juntas, não.
O número de mancadas já diminuiu. Mas há um ponto sensível que está mal e ainda vai dar muito rolo. É a interpretação nos lances de pênalti. Em câmera lenta, afago vira tentativa de assassinato. Nesses casos, o protocolo manda repetir sem esse recurso. Só que também o contato normal, dentro da área, pode parecer violência no replay natural. Os árbitros estão perdidos. Cada um interpreta a seu modo.
Palmeiras e Flamengo tiveram pênaltis duvidosos marcados a seu favor dessa maneira, na Libertadores. A imagem sempre mostrará o contato, mas como distinguir se é disputa de espaço ou toque com força suficiente para derrubar ou desequilibrar?
É preciso fixar, sabe-se lá como, alguns parâmetros. Do contrário, ainda mais com a simulação consagrada como instituição nacional, a indicar o nosso caráter duvidoso, a tendência é piorar.