O polêmico pênalti de Parede em Cortez, marcado pelo VAR, é um bom exemplo de como o uso do vídeo é uma aprendizagem em andamento. Alguns especialistas deixariam o lance seguir, com ou o sem VAR. Outros, ajudados pela imagem, cravariam a marca da cal.
Até aí, tudo bem. É interpretação. Ninguém imaginava erro zero a partir do recurso eletrônico. Quem opera a máquina e quem dá a palavra final são seres humanos. Falíveis. A questão é aprender para errar cada vez menos.
Com o tempo, saberemos tudo de VAR. Lá atrás, a regra do impedimento parecia complexa. Hoje, não. O fato de Lomba ter defendido o pênalti no tempo normal nos livra das grenalizações que poluem o debate. O Gauchão não foi decidido pelo vídeo, mas nas defesas de Paulo Victor.
O Gre-Nal nos deu aula de VAR. Que tal tentar aprender, em vez das reclamações inflamadas quando é contra e do silêncio monástico quando é a favor?
Imagem congelada
Eu não sabia, e imagino que não estava sozinho nessa ignorância específica. Em lances como o do suposto pênalti de Parede em Cortez, o protocolo do VAR proíbe o árbitro principal de ir ali na casinha da TV e decidir a partir de uma imagem congelada. O quadro parado pode induzir ao erro, por ampliar a percepção de intensidade. Ele tem de ver e rever o lance quantas vezes quiser, desde que sempre em movimento.
Em movimento
Na prática: a mão de Parede no calção de Cortez, na imagem parada, pode dar falsa impressão de que o atacante do Inter queria deixá-lo nu, usando de toda a agressividade possível, talvez assando as partes pudendas do lateral gremistas. Em movimento, como na vida real, pode parecer uma singela busca de espaço, sem força para derrubar. Sem VAR, só com o olho humano, eu mandaria o jogo seguir. Com VAR, pênalti. Mas vai da interpretação de cada um.
Revolução
Só que a transmissão mostra Jean Pierre (bom árbitro) olhando uma imagem parada. E não pode, como agora aprendi. Em tempo: nos lances sem meio termo, tipo a bola cruzar a linha do gol ou impedimento, aí tem de fixar o quadro, é claro. Não é o caso. Como saber se Jean não foi traído pela falsa percepção do "mandrake"? Não houve má fé. Só o erro, natural em qualquer processo de aprendizagem sobre algo revolucionário.