Para seguir na briga pelo título, o Inter tem de ter sabedoria para tirar lições desta derrota diante da Chapecoense, assim como tão bem soube fazer no 2 a 1 diante do América-MG. Ou alguém supôs que a trajetória rumo ao tetra seria um conto de fadas, sem levar gols de ninguém e mantendo invencibilidade até o fim?
A ausência de Dourado une os dois jogos, mas na Arena Condá as deficiências táticas foram além da perda de um volante com leitura perfeita para compactar o entre as linhas de quatro. O time todo se aplicou menos. Ralou menos. Perdeu intensidade, requisito básico de um time operário.
Em BH, o esquema mudou. O fracasso nasceu daí, de arriscar um modelo acadêmico, alinhando Patrick e Edenilson e colocando um atacante no lugar de Dourado. Em Chapecó, não. Gabriel Dias tentou fazer a mesma função do capitão. Nico e Pottker ajudaram menos a Zeca e Iago. Patrick parecia noutra frequência. O que há com ele? Cansaço? "Se achou" com os elogios do país? O interesse dos turcos mexeu com sua cabeça? Não consegue sair da marcação?
Ele é peça essencial. É preciso ver o que houve com o motor do meio-campo. Tarefa para Odair, admirado por Neymar, baita gestor de grupo.
Odair, que tem crédito de sobra, demorou a ler o jogo e perceber os espaços fartos oferecidos pela Chape, mal aproveitados na transição. Em 10 ou 15 minutos, na segunda etapa, D’Ale e Camilo incendiaram o jogo. E se entrassem antes?
CORDA ESTICADA
A mais sincera e correta análise foi de Edenilson: "Nosso time tem de jogar com a corda esticada. Correr, não desistir, acreditar que não tem bola perdida. Nossa força é coletiva. Por isso não merecemos vencer, mas podemos corrigir e retomar já contra o Corinthians". Uma leitura lúcida, de um jogador que vem exibindo alto nível com regularidade.
O Inter não precisa promover cirurgia no time por único revés, mas tem de refletir sobre o que deixou de fazer em Chapecó. Não é hora de pânico, e sim de saber sofrer e promover ajustes. A régua colorada subiu por méritos próprios. Em tempo: o Corinthians de Jair Ventura joga fechadinho em qualquer lugar. Se for para colocar o armador, que seja no lugar dos centroavantes que não fazem gol, e não no de Patrick. Este precisa ser recuperado, e não condenado ao banco.