Está quase pronto o relatório anual da discriminação racial no futebol. O resultado é desanimador. Os casos de racismo não apenas aumentaram de 2016 (25) para 2017 (43), mas dobraram desde 2014 (20).
O documento do Observatório da Discriminação Racial no Futebol descreve 77 episódios divulgados pela imprensa nacional e internacional. Destes, 69 ocorreram no Brasil e oito com jogadores no Exterior.
Dos incidentes ligados ao futebol no Brasil, além dos envolvendo a cor da pele, houve situações de LGBTfobia, machismo e xenofobia.
Um recorte que merece atenção no trabalho do Observatório, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, são os casos que nasceram na internet.
Dos 43 que serão relatados, 29 se deram nos estádios, 11 nas redes sociais e 3 em espaços diversos. Crescem os crimes cometidos no âmbito da internet, no qual reina a sensação equivocada de que se trata de terra de ninguém, protegida das garras da lei.
É um grande erro. Em relação a outras formas de preconceito, em 2017 o STJD julgou pela primeira vez um caso de homofobia. O resultado absolveu o clube envolvido, o Paysandu, mas houve julgamento. Gritos homofóbicos continuam em diversos estádios, sem ação da CBF ou da Justiça Desportiva.
O trabalho do Observatório, liderado pelo gaúcho Marcelo Carvalho, tornou-se referência nacional na luta contra o racismo no futebol. O estudo completo será lançado em breve.