Há, no futebol brasileiro, um caso incrível de craque que parece ter desistido. Paulo Henrique Ganso ganha R$ 700 mil livre de impostos no Sevilla. Sem contar luvas.
Seu contrato vai até julho de 2021. Faça a conta de quanto ele terá acumulado quando ficar livre para jogar onde quiser ao final do vínculo na Espanha. Dá algo em torno de R$ 50 milhões.
Pelos cálculos do Cosme Rímoli, experiente repórter paulista e parceiro de muitas coberturas, não jogou 30 vezes em dois anos. Ganso tem só 28 anos. Poderia, se quisesse, retomar a carreira em alto nível.
Mas não. É como se o meia que um dia foi ponto de partida da Seleção Brasileira treinada por Mano Menezes tivesse abandonado o trabalho duro em nome de só treinar, mirando a fortuna garantida.
Se aceitasse voltar ao Brasil para retomar a vida em nível de competição, até poderia lutar por espaço com a camisa verde-amarela. Tite segue sua jornada por um armador. Foi à Rússia sem o ritmista. Ganso teria 32 anos no Catar. Talento ele tem de sobra, mas precisaria se envolver na outra parte do jogo, sem a bola.
Na Europa, ninguém pagará a ele o que o Sevilla é obrigado por força de contrato. Aqui no Brasil, talvez conseguisse algo perto disso – desde que aceitasse alguma redução salarial, é claro, pensando no longo prazo.
Mas Ganso parece decidido só a enriquecer. O que é um direito seu, vale dizer. Nada errado, mas o preço será a morte da última chance de uma carreira de talento promissor e ímpar do ostracismo. Para o futebol, é triste. Surgiram juntos, ele e Neymar. É só ver onde está um e outro.