O Barcelona cogitou incluir na negociação por Arthur uma espécie de opção de compra, caso queira contar com ele já no meio do ano, e não só em 2019. Assim: a venda seria concluída para o Grêmio entregá-lo só em dezembro, mas com cláusula de antecipação a qualquer momento se o Barcelona pagar determinada quantia.
O Grêmio fincou pé e recusou. Não abriu mão do volante para a Libertadores e o Brasileirão. Foi uma negociação longa e demorada, com avanços e recuos. Pontos específicos vão surgindo e não dá para responder na hora. Aí, tome reunião. Foi o que me disse Romildo Bolzan, ainda sem cravar o fim da novela, horas antes do acerto final.
"Manter Arthur até o fim do ano terá um preço", afirmou o presidente.
É como se fosse um "empréstimo" de luxo , que mostra o quanto o Grêmio pretende ganhar outro título este ano. Para ficar com Arthur agora, pagará sob forma de abatimento do valor. O desafio do Grêmio foi reduzir ao máximo este abatimento, e a solução veio através dos gatilhos. Títulos, convocações e renovações no Camp Nou detonarão cláusulas que obrigarão o Barcelona a enviar remessas polpudas para a Arena.
Se, em vez dos 50 milhões de euros da multa, tudo ficou mesmo nos 30 milhões e outros 10 milhões em gatilhos (40 milhões ao todo), o resultado final é bom. O Grêmio se protege. Se ele não der certo na Espanha e for renegociado, ganha pelo Mecanismo de Solidariedade. Se virar ídolo, fatura nos gatilhos. E Arthur ainda vestirá a camisa do Grêmio durante mais 11 meses.
A venda milionária de Arthur, a maior do futebol gaúcho e a quarta do Brasil, é também o maior "empréstimo" da história do futebol brasileiro.
Disse e repito: quando um tubarão do futebol mundial vem com tudo, como o Barcelona atrás de Arthur, não há como resistir – ainda mais se o clube não é o único dono dos direitos e com o jogador, compreensivelmente, torcendo para a novela terminar.
Somente neste negócio, aos 21 anos, Arthur garantiu a vida de sua família por algumas gerações. Imagino o quanto torceu para tudo terminar bem. O único jeito, quando o tubarão vem, é tentar tirar o máximo de dinheiro possível na negociação.
Foi o que o Grêmio fez.