Quatro dos cinco jogadores que mais acertam passes na Libertadores são do Lanús: o volante Marcone, o zagueiro pela esquerda Braghieri, o lateral-direito Gómez e o meia Román Martínez. O gremista Ramiro completa o top 5.
Entre os 11 primeiros neste fundamento, estão cinco do Lanús e quatro do Grêmio, o que indica claramente o DNA de bola no chão das duas equipes. Mesmo quando toma gol, conforme atestam os números, o time do técnico Jorge Albirón não se apavora. Não adota o balonismo FC. É o 15º colocado em cruzamentos.
É um elemento da decisão desta quarta-feira, na Arena, que remete para um jogo de xadrez tático, com dois times de mesmo perfil, um tentando anular o outro. Inferior tecnicamente, resta ao Lanús tentar equilibrar a final da Libertadores no lado da estratégia e na parte tática.
A missão do Grêmio é bloquear estas tentativas, para que a sua qualidade superior resolva. Tive acesso a relatórios de análise tática da equipe de Almirón, referentes a temporada 2017. Claro que o Grêmio também os têm ainda mais amiúde para traçar seu plano de ação.
O Centro Digital de Dados (CDD) é um dos melhores do país. Tentarei destrinchar aspectos desse xadrez. Antes, o ponto fraco do Lanús: zagueiros lentos e recomposição nem sempre rápida de todos. Obviamente, os zagueiros serão mais protegidos do que nunca fora de casa, quem sabe até em um 4-5-1, com Sand na frente e atacantes voltando para fechar a linha.
Para fazer valer o seu jogo de passes, o Lanús recua Marcone, 27 anos, o mais importante do ponto de vista tático. Ele desce para rodar o jogo com os zagueiros Herrera (direita) e Braghieri (esquerda). Braghieri, de qualidade no passe e bola longa, é o mais acionado. É lento. Se não for protegido, sofre.
Ramiro será importante na marcação alta, pressionando e travando a saída de bola. O Lanús tenta não dar balão nunca. Mas há um risco, ancorado em estatística, e o Grêmio tem de se aproveitar dele.
Estima-se que o jovem goleiro Andrada, 26 anos, apesar de toda qualidade no passe e no domínio de bola, erra até 10% dos lances que participa. Na matemática, dá três chances para o adversário. Um índice insignificante, não fosse ele o camisa 1.
Admitamos que seu passe tenha destino certo: se sair com forte demais, mesmo na direção certa, pode atrapalhar a recepção e gerar situação de gol. E os zagueiros do Lanús são lentos. Se ficarem no mano a mano, fatalmente serão vencidos.
Administrar a marcação alta para cortar pela raiz a troca de passes do Lanús pode abrir o caminho rumo ao tri.