Jogo rápido com o gaúcho Marcelo Carvalho, idealizador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, cujo trabalho na luta contra a racismo tem reconhecimento nacional. Grêmio e Inter já fizeram ações bem bacanas em parceria com o Observatório.
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Aranha tem razão ao dizer que o Sul é racista?
A quantidade de racismo é grande em nosso Estado. Em 2014 e 2015, o Observatório registrou o RS com o maior índice. Em 2016, São Paulo passou. É impossível apontar qual o Estado mais racista da União. Pelo fato de os negros sofrerem muito aqui, naturalmente se unem mais. Temos vários grupos gaúchos que lutam contra a discriminação por isso. Mas é um dado empírico.
Aranha generalizou?
Quando a gente generaliza e diz que o Brasil é racista, não há reclamação. Mas quando especifica, muda. Entendo que ele errou ao generalizar quanto à injúria em si. O problema da vaia contra Aranha foi ela sinalizar crítica a um negro que resolveu não ficar quieto, lá em 2014. Parece-me esta a mágoa. Seguem brabos com ele, e não com quem o injuriou, inclusive falando em rede social que o perigoso é a vítima, o Aranha.
E o Caso Victor Cuesta, zagueiro do Inter, denunciado pelo atleta do Ceará?
Tem de ser levado adiante, na esfera cível e desportiva. Um jogador não denunciaria por nada, pelo medo de ser massacrado na opinião pública. Quem denuncia sofre muito. É sempre aquela história: “Ah, lá vem fulano de novo com esse assunto chato”. O Elton (do Ceará) falou com serenidade, de cabeça fria. Muitos que denunciaram, após um tempo, silenciaram para não se incomodar mais. Tem de investigar.