Jogos da Seleção Brasileira são sempre organizados com muita antecedência. Não tem como ser de outra maneira. Tudo é superlativo, mesmo nos piores momentos. Mesmo quando não há time confiável, a força da camisa mais vencedora do futebol mundial em todos os tempos impede a magia de se perder e de levar público ao estádio. Imagine, então, quando há o casamento destes dois cenários: tradição e futebol convincente.
Vou além, o que talvez explique os motivos pelos quais a CBF elegeu a partida do dia 31 de agosto, na Arena, entre Brasil e Equador, para bater todos os seus recordes. E já aviso que o fato de Tite ser gaúcho não é o mais relevante dos motivos para a CBF estar tão empenhada em badalar esta rodada das Eliminatórias, disposta a bater todos os seus recordes.
Leia mais:
O que (não) aprendemos com o 7 a 1, três anos após o fiasco no Mineirão
Na Seleção de Tite, jogadores não serão blindados para evitar opiniões de questões nacionais do país
Chula, 18 anos de clube e Seleção Brasileira: os segredos do homem que não deixa o Grêmio cansar
A Seleção já teve vários técnicos da Província de São Pedro. Alguns vencedores, inclusive. Chimarrão na casamata não é novidade alguma. A diferença está na bola. Além de tirar a Seleção de um buraco que parecia afundar mais e mais, com risco sério de não se classificar para a Copa da Rússia, há quanto tempo não se via a Seleção jogando tão bem?
Muito natural, portanto, a CBF eleger o jogo contra o Equador para bater recordes. A maior bilheteria do futebol brasileiro é de um clube, o Atlético-MG. A final da Libertadores de 2013, contra o Olímpia, no Mineirão, rendeu R$ 14,1 milhões. A Seleção chegou a R$ 13,7 milhões no dia 28 de março, quando Tite voltou ao Itaquerão para vencer o Paraguai por 3 a 0. Na trave.
– O objetivo principal é casa cheia, apoio para a Seleção e vitória. Mas queremos que o jogo da Arena fique na história. Nossa meta de bilheteria é ousada, mas temos a percepção de que dá para alcançar: R$ 17 milhões – crava Gilnei Botrel, diretor financeiro da CBF.
A CBF tenta um alvará que permita a realização do Villa Mix, festival de música sertaneja nascido há seis anos, em Goiânia. O público sairia da parte interna e cairia direto para o show, na Esplanada da Arena. O problema é o horário. O jogo é noturno, e a lei proíbe barulho depois da meia-noite. Thiago Jannuzzi, gerente de planejamento e eventos da CBF, afirma que ainda crê na liberação, mas já tem carta na manga.
– O ideal seria o Villa Mix, mas, se não for possível, partiremos para outras atrações musicais, aí antes da jogo – revela Jannuzzi.
A venda dos ingressos, em vez de começar 20 dias antes, será deflagrada no fim de julho. Os preços saem até o fim da semana. Devem seguir os patamares do Itaquerão: entre R$ 200 e R$ 1.000, com alguma mexida aqui e ali. A arquibancada norte, atrás da goleira, terá o valor mais barato. Parcerias com empresas, de olho nos belos camarotes da Arena, já estão sendo buscadas. É normal empresários levarem clientes vips para, quem sabe, fechar contrato com os dribles de Neymar ao fundo.
– Se houver algum jogador relacionado com a praça e o estádio em que estamos, é claro que o usaremos para chamar o jogo. Não seria diferente com Luan – afirma Jannuzzi, já imaginando o chamariz que será a estreia de Luan (e também Geromel, quem sabe) na Seleção principal.
Ficaria mais fácil de bater o recorde, isso é certo.O último jogo de Eliminatórias em Porto Alegre foi em 2009, no Beira-Rio, contra o Peru. O técnico era Dunga. A Seleção ganhou por 3 a 0, dois gols de Luis Fabiano e um de Felipe Melo. No segundo tempo, já com o placar garantido, Dunga colocou Alexandre Pato no lugar de Robinho e Ronaldinho no de Elano, atendendo à torcida. Brasil e Equador, dia 31 de agosto, pode ficar na história como a maior bilheteria do futebol brasileiro em todos os tempos. Será que vai ter recorde?