O melhor da entrevista de apresentação de Antônio Carlos Zago aconteceu antes dela. O durante e o depois transcorreram dentro da normalidade.
Ele mal chegou. Nem teve contato com os jogadores. Natural evitar respostas definitivas por um motivo: ainda não as têm. E, se as tivesse, o melhor seria não oferecê-las, para evitar de logo ali ter de desmentir algo ou ser atropelado por fatos novos.
Foi incisivo no que todo mundo já sabe. O seu conceito de futebol não é o de jogar por uma bola só. É de trocar passes, de triangulações. Quer D'Alessandro para liderar os mais jovens.
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O ponto alto foi quando ele abordou, por livre e espontânea vontade, antes das perguntas, algo que deslustra a sua trajetória: o terrível caso de racismo de 2006, contra Jeovânio, do Grêmio. Pegou 120 dias de suspensão, à época.
Houve resistência ao seu nome nas redes sociais pela mera lembrança do gesto.
Compreendi a manifestação de Antônio Carlos como um gesto de grandeza. Ele tratou o episódio como mancha, pedindo perdão, admitindo erro e culpa, fechando com a ideia de encerrar a penitência treinando o Inter, um clube de reconhecida história multirracial.
Ninguém gosta de falar ou lembrar das próprias vergonhas. Antônio Carlos fez isso com coragem.
A propósito: enfrentar mazelas com humildade e resignação, de frente, não é o que faltou ao Inter em 2016? E do que o Inter mais precisa em 2017?