Por um tempo, tive a ilusão que o mundo ia para frente. Esse é um defeito de quem gosta de História. Você estuda as sociedades e vê que há uma nítida evolução em várias áreas da vida humana. A tecnologia e as comunicações são os setores mais evidentes. Imagine o filósofo Sócrates, que viveu cinco séculos antes de Cristo, vendo uma TV de plasma ligada no Big Brother, um telefone celular e uma fusqueta 68. O que ele diria? Eu sei: “Eu só sei que nada sei”.
Mas o mais importante é que nunca o mundo teve tanta noção do valor do indivíduo e dos Direitos Humanos. O homem está mais civilizado, mais sensato e mais cordato.
E as cidades? Tente, agora, imaginar Roma em sua época áurea, do César Augusto. As vilas dos nababos e os palácios da realeza eram formidáveis, certo. Mas a maioria da população vivia em edifícios de madeira chamados insulae, que eram construídos verticalmente, uma moradia em cima da outra, chegando a oito ou nove andares, elevando-se tão precariamente que, no alto, os prédios se encostavam, como se estivessem tocando as cabeças. Isso tornava as ruas escuras mesmo de dia, já que o sol não conseguia penetrar naquela estrutura. E ainda havia o cheiro nauseabundo das vielas, porque, lembre-se, não existia sistema de esgotos. Então, as pessoas faziam suas necessidades num penico e o conteúdo era jogado pela janela. Quem estivesse lá embaixo que se cuidasse com os perigos que vinham do alto.
A vida, portanto, melhorou. Evoluímos.
Mas nossa evolução se deu de dentro para fora. Nós temos realizações, a mente humana dominou o planeta. Porém, será que evoluímos no espírito? Veja esse ditador russo, Vladimir Putin. Ele é o típico ditador dos anos 40, de sonhos de conquistas militares e desprezo por outros povos. Olho para ele e vejo um arremedo de Mussolini, de Hitler, de Stalin.
Não deveríamos ter passado essa fase? O mundo não aprendeu que esse tipo de figura é perigosa? Mas, não. O pequeno ditador Putin está aí, fazendo o mesmo que outros já fizeram, prestes a obter os mesmos resultados.
É uma decepção com a raça humana. É a prova de que todos aqueles sentimentos mesquinhos de dominar o outro e de usar os outros para alcançar seus objetivos continuam aí, intactos, como estavam 10 mil anos atrás. Nossa vida, de fato, evoluiu. Nossa alma permanece a mesma.