Há quem diga que as ucranianas são as mulheres mais bonitas do mundo. Não conheço a Ucrânia, mas conheço algumas ucranianas e, por isso, sei que essa afirmação pode ser verdadeira. Na verdade, o Leste Europeu é famoso pela beleza das suas mulheres.
Quando estávamos fazendo a cobertura da Copa da Rússia, mais especificamente na cidade de Rostov, fomos almoçar em um restaurante e, enquanto esperávamos pela liberação da mesa, uma russa passou diante de nós.
Quando digo "passou", faço uma redução. Ela flutuou bem na nossa frente, imperial, felina, cheia de graça. Ficamos olhando, mudos de espanto, e um russo que estava ao lado comentou, malicioso:
– Ah, as mulheres russas...
Quer dizer: essa é uma percepção também deles, não é apenas o que os estrangeiros falam. Você pode constatar que essa reputação é justa não somente por beldades eventuais que cruzam pelo seu caminho, como aconteceu com a moça do restaurante. Não. Há russas bonitas nas paradas de ônibus, atrás das bilheterias do metrô, sentadas nos bancos das praças. São loiras ou morenas de feições delicadas, sorridentes, bem-humoradas, simpáticas.
O curioso é que o homem russo é o oposto disso. Eles parecem mesmo aqueles camponeses fortes que são retratados nas pinturas ou esculturas do stalinismo. São capazes de resistir durante seis meses às investidas do exército do general Paulus e mudar o rumo da Segunda Guerra Mundial, mas parecem sentir medo de estrangeiros. Ou talvez a palavra mais apropriada seja desconfiança. Você puxa conversa e eles não vão em frente. E, se você é imprudente o suficiente para contar uma piada, a impressão é de que um daqueles caras vai lhe dar um soco:
– Por que não te calas?
Um russo que me passa exatamente essa imagem é Putin. Ele parece ter sempre uma segunda intenção atrás do que diz. Putin pouco sorri e quando o faz é com leve sarcasmo. Seus gestos são carregados de mensagens subliminares, como aquela mesa de seis metros de comprimento que interpôs entre ele e Macron. Era como se dissesse: estou conversando, mas não levo em consideração nada do que ele fala. Aquela mesa transmitia, em primeiro lugar, um recado de distanciamento; em segundo, um recado de desprezo. Putin estava pouco ligando para a amizade que lhe era oferecida.
Desde a implantação do stalinismo, todos os líderes russos ostentaram essa masculinidade tosca que tem Putin. Com uma exceção: Gorbachev. Como as mulheres russas, Gorbachev era suave, sorridente e amigável. Mas teve coragem suficiente para acabar com o regime soviético.
Como seria bom se, em vez de duros homens do Leste, essa crise fosse administrada por ucranianas e russas. Porque, além de ser mais belas, elas certamente são mais compreensivas e mais tolerantes – demonstram isso todos os dias! Ironicamente, na Rússia e na Ucrânia, tão famosas por suas mulheres, o que está em falta são as boas qualidades femininas.