Vi, tempos atrás, um vídeo de um glóbulo branco caçando uma bactéria. Não sei como eles fizeram aquela gravação, mas é algo espantoso. O glóbulo branco é bem maior do que a bactéria, que é pretinha e retangular. Ela nada por entre umas ilhas formadas por sei lá o quê, enquanto o glóbulo branco a persegue furiosa e teimosamente. Ela tenta fugir, vai para a esquerda, para a direita, dribla, negaceia, mas o glóbulo branco não desiste. Por fim, ele estende um braço, a captura e a engole, feito Saturno devorando seus filhos.
Há outros filmes, produzidos pelo Instituto Butantan, das chamadas “células matadoras” atacando células cancerosas. Num deles, uma enorme célula de linfoma é cercada por pequenas e agressivas células matadoras, que vão batendo alternadamente na inimiga, até que sua membrana protetiva se rompa. Então, a célula de linfoma implode e o organismo fica limpo. Em um segundo vídeo, as matadoras se encarregam de uma célula de outro tipo de câncer. Ela é alongada, tem forma de lua minguante. Desta vez, as matadoras não colidem contra ela, apenas lhe injetam uma substância vermelha que a destrói rapidamente de dentro para fora.
Tudo isso acontece dentro do nosso corpo. É um vasto e agitado mundo quântico, repleto de ação e de milhares, milhões, bilhões de personagens.
Não exagero, quando falo em bilhões. Li, outro dia, que só debaixo das nossas axilar vivem CEM TRILHÕES de bactérias. Sabe lá o que é isso?
Nós somos um universo.
Mas o universo propriamente dito também é vasto. Os cientistas calculam que haja dois trilhões de galáxias no universo observável, o que é menos do que a quantidade de bactérias que pululam no seu sovaco, mas ainda assim é bastante, sobretudo se você pensar no que significa cada galáxia. A nossa amada Via Láctea, por exemplo, é tão grande que os cientistas não conseguem contar sua quantidade de estrelas. Eles apenas fazem uma estimativa de que seja algo entre 100 e 400 bilhões, o que é uma enorme margem de erro.
Entre todos esses bilhões está o nosso querido, aconchegante e quentinho Sol, que aquece nove planetas. Com esses dados em mão, façamos um cálculo rápido: são cerca de 10 sextilhões de estrelas iluminando, cada uma, uns 10 planetas. Você consegue imaginar esse número? Cem sextilhões? É o seguinte:
1.000.000.000.000.000.000.000.000
Não cabe na sua calculadora.
Com tantos planetas e estrelas, com tantas galáxias e corpos celestes zanzando por aí, é evidente que há vida em algum outro lugar, ou em muitos outros lugares, além da Terra. Isso não quer dizer que eles, os ETs, sejam parecidos conosco. Pode haver planetas dominados por dinossauros, ou insetos, ou vermes, ou bactérias, pode haver planetas nos quais os reis são os Neandertais ou os Australopitecos ou os gorilas ou apenas os peixes do mar. Nós não sabemos. Mas existem outros planetas com vida, ah, existem.
Tudo, portanto, é muito grandioso, poderoso e inexplicável, tudo, desde o que existe dentro de você até o que existe no espaço ao redor. Pense nesse portento, pense na nossa insignificância, pense, pense, e você entenderá: não tem nenhuma importância cair para a segunda divisão.