O mundo nunca vai ficar pronto, essa é a verdade. Nós temos a ilusão de que as coisas evoluem. Ah, você até pode dizer que, em valores humanitários, houve grande melhora. De fato, houve. Por exemplo: hoje, no Ocidente, castigos físicos impostos pela lei não são tolerados. Isso é ótimo. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas se tornaram muito mais suscetíveis, o que é irritante e, às vezes, insuportável. É difícil lidar com alguém que se ofende com facilidade. 

A capacidade de se ofender depende diretamente do tamanho do ego. Se uma pessoa tem uma imagem muito positiva de si mesma, ela pode se sentir insultada com qualquer observação que não se encaixe exatamente nessa imagem. Trata-se de um produto da humanização ocidental a que me referi. Como as pessoas se sentem “empoderadas” apenas por terem nascido, não é difícil lhes ferir o orgulho. 

Noto essa galhardia em muitos atletas das Olimpíadas. Eles vencem e dão discursos relatando como sofreram para chegar ao pódio. Não é a vitória da alegria, é a vitória da desforra. Como no futebol, quando o jogador vence e desabafa: “Isso aqui é pra vocês, que me criticaram!” 

O mundo nunca vai ficar pronto. Em alguns casos, está piorando. Essa semana escrevi sobre a nossa quantidade, nós, seres humanos, aqui no planeta Terra. Tem gente demais, por toda parte. Pense, sei lá, na praia de Copacabana. Existem poucos lugares no mundo mais bonitos do que a praia de Copacabana. Diria mais: Copacabana é a praia mais linda do mundo, mais linda até do que a praia do Rincão, em Criciúma. Mas nos anos 60 e 70 ela era muito melhor, mais aprazível, mais amena, mais carioca. Por quê? Não apenas pela segurança, mas por causa do número de pessoas que circulavam por suas areias macias e suas calçadas de pedra portuguesa. 

Tem gente demais em toda parte. Gente, gente, gente, ocupando todos os espaços à sombra. E cada vez haverá mais gente. Ou seja: há mais a consertar no mundo. 

Mas o mais grave do mundo é sua versão virtual. Agora, formas agressivas do coronavírus estão assomando porque há pessoas que se negam a tomar vacina. E isso não é só no Brasil, não se engane. É na França, é nos Estados Unidos, é em todo lugar. Por que um absurdo desses, se as pessoas sempre tomaram vacina, se a vacina extinguiu doenças terríveis, como a varíola, se a vacina estava consagrada como um bem, por quê? 

Por causa das redes sociais, disseminadoras da ignorância. Os ignorantes se conectaram e, eles sim, se empoderaram. 

Eles se proliferam como ratazanas e estão tomando conta do mundo, esse mundo que nunca, nunca vai ficar pronto.