Quando um time grande começa a acumular fracassos, não existe só um culpado, nem só uma coisa errada. São muitas as culpas e muitos os erros. No Grêmio, as culpas e os erros são cada vez maiores, mas quem deveria tomar alguma providência está cego pela arrogância, acreditando em glórias pretéritas e vitórias fátuas, como a do Gauchão.
Para relembrar um exemplo doméstico: em 2016, o Inter venceu o Gauchão e, no final do ano, mergulhou no pântano da Segundona. O Grêmio de 2020 dá a impressão de se encaminhar para o mesmo destino.
O primeiro grande responsável pelo mau desempenho do Grêmio, como não poderia deixar de ser, é o seu presidente. Romildo Bolzan pegou um clube quase falido e recuperou suas finanças e seu prestígio. Mas não está percebendo que o ciclo vencedor acabou. Não está percebendo que tem de agir.
Bolzan vendeu jogadores de primeira linha do futebol mundial, como Pedro Rocha, Éverton, Luan, Arthur e os jovens Tetê e Diego Rosa e, como reposição, contratou um punhado de jogadores medianos, em geral veteranos, alguns em óbvia decadência, como Thiago Neves.
O Grêmio se orgulha de ser superavitário. De que adianta ter dinheiro, se não sabe como gastá-lo?
Verdade que Renato indicou a maioria desses jogadores sem brilho, e aí está o segundo grande responsável pela situação difícil do clube. As conquistas não fizeram bem a Renato. Ele se tornou um técnico teimoso para escalar e preguiçoso para treinar. A insistência com Thiago Neves é uma espécie de afronta de Renato a quem o critica. Ele parece querer mostrar que sabe mais do que todos, parece querer desafiar quem não concorda com ele. Como aconteceu com André, Thiago Neves é o coveiro do time cada vez que entra. E Renato continuará colocando-o em campo, para mostrar que é ele quem manda.
A vergonhosa derrota para o Sport, que era o lanterna do Campeonato, plasmou o tipo de time no qual o Grêmio se transformou: um amontoado de jogadores médios, sem inspiração, sem recursos, sem criatividade, jogando sem saber o que fazer em campo. Falta, ao Grêmio, preparação física, técnica e tática. Falta tudo. E, no meio de tanta mediocridade, tanta confusão, valores diferenciados, como o ótimo Jean Pyerre e como o bom Pepê, vão se perdendo. Não demora, estarão naufragando com o resto dos jogadores médios que o clube acumula a cada semana.
O Grêmio precisa fazer uma mudança radical.
Já.
Antes que seja tarde demais.