Papai Noel, voando a jato pelo céu, trazendo um Natal de felicidade e um ano novo cheio de prosperidade.
Como era legal quando chegava dezembro e a Varig punha esse jingle para rodar nas rádios e nas TVs do Solimões ao Cassino. O fim do ano, para mim, tinha quatro trilhas sonoras, todas publicitárias: essa da Varig, “Sol, sal, Sul, Imcosul”, “Hoje é um novo dia, de um novo tempo” e “Vida é um grito de gol”. Se você juntasse tudo isso com o especial de Natal do Roberto Carlos, qual era o resultado?
DEZEMBRO!
Parece dezembro de um ano dourado, cantaria o Chico.
Pois dezembro tem realmente essa cor: é da cor do ouro das pernas das mulheres de minissaia e também azul do céu e amarelo do sol, e quente e, sobretudo, urgente. As pessoas precisam se despedir umas das outras, precisam se abraçar e beber juntas e fazer previsões boas, porque o ano vai terminar, as férias vão começar, o 13º entrou na conta, já acabou a escola das crianças e vamos todos rumo ao Leste, para as fímbrias do Atlântico, de onde voltaremos magros, bronzeados e malemolentes.
Mas é assim só no Brasil. Por aqui, no norte do mundo, é diferente. A começar pelo clima. Sabe qual é a temperatura neste exato instante, em que puxo o rabo da vírgula no meio desta frase? Onze graus Celsius NEGATIVOS. E, em Porto Alegre, bem sei, faz 35ºC positivos. Como ser leve e serelepe abaixo de zero?
Além disso, o fim do ano no Norte não é o fim da temporada. O que rege os finais de temporada, inarredavelmente, em todo o planeta, são as estações do ano. Quando termina a primavera e começa o verão, aí, sim, tudo muda. Então, no Norte, essa sensação festiva de que uma nova fase está prestes a começar se dá em junho. Os universitários se formam, as crianças entram em férias e parte das grandes cidades se desloca para a praia.
Ou seja: nós, brasileiros, é que estamos certos, e os americanos e europeus, errados. E quero dizer para você que essa sensação que se tem no Brasil em dezembro é inigualável. Repare na música que citei, da Globo, de autoria do Marcos Valle. Ela promete que o 1º de janeiro será um novo dia, de um novo tempo, no qual, se você quiser, as alegrias serão de todos e, mais, que os nossos sonhos serão verdade.
Isso é maravilhoso!
Claro que nós também sabemos que não é bem assim, que o próximo ano não zera nada, que nossas dores e delícias continuarão tendo a sequência natural de suas semanas e meses e que um dia só será diferente do outro se nós fizermos diferente. Nós realmente não nos enganamos. Temos essa consciência. Mas e daí? O que importa é o sentimento de que se está diante de um recomeço. Dá certo alívio. E o melhor: dá certa esperança. Então, o melhor é se entregar às festinhas da firma, às brincadeiras de amigo-secreto, às músicas de alvíssaras e, principalmente, às promessas de vida nova. Pode ser só intenção, mas vá que algo se cumpra. Acredito na promessa da Globo: o futuro já começou.