É fácil não gostar de Neymar. Ele é vaidoso. Ele é o que os cariocas chamam de “marrento” e os gaúchos de “exibido”. Ele se acha muito esperto. Mas, na verdade, trata-se do exemplo clássico do falso malandro. Neymar pensa que está enganando os outros e, assim pensando, cai em armadilhas que só não são destruidoras graças à proteção do seu imenso talento.
Não há nenhum jogador no planeta tão bom quanto Neymar hoje em dia, com exceção de Messi. Assisti à aborrecida decisão da Champions, no sábado (1º/6). Um jogo protocolar e, às vezes, surpreendentemente lento. Não havia um único jogador, entre titulares e reservas que lá estavam, que reunisse metade da habilidade que escorre feito seiva dos pés de Neymar.
Esse talento fez dele rico e famoso. Não sei se o faz feliz. Porque Neymar, sendo como é, transformou-se em alvo perfeito para a malícia humana. E o pior: muitas vezes, ele dá razão a quem o ataca ou critica. Na Copa do Mundo, Neymar se transformou em chacota porque exagerava em suas reações quando era derrubado por um adversário. Ficou ridículo. Ficou até vergonhoso. Só que Neymar é derrubado mesmo. Ele é caçado pelos zagueiros, não raro com maldade. Tanto que já sofreu lesões graves em pouco tempo de carreira. Foi sua falsa malandragem que lhe tirou a condição de vítima e o consagrou como fraude.
Agora, Neymar foi pego em outra cilada. A moça que o acusa de estupro o enganou. Sei bem que é arriscado emitir opinião em assuntos desse tipo, porque parece que se está diante de um caso ortodoxo do homem rico e poderoso que se aproveita da mulher pobre e indefesa. As mensagens trocadas pelo casal, porém, provam que não foi assim.
A moça foi para Paris, a expensas de Neymar, prometendo fazer sexo com ele. Não há nada de errado nisso, e tampouco seria errado se, ao chegar à França, ela se negasse a cumprir a promessa. Mas ela cumpriu e, aparentemente, gostou, porque insistiu para que se encontrassem de novo. Ele topou, foi ao hotel onde ela estava instalada e fizeram sexo mais uma vez. Foi então que ela disse ter sido forçada pelo jogador. No entanto, a moça o chamou pela terceira vez e pediu que ele trouxesse uma garrafa de vinho e um presente para seu filho. Neymar não foi, e ela avisou: “Vou dormir, tá? Você não vem e tá dando mancada”. Ora, uma mulher que se sente vilipendiada não irá, mais do que pleitear, exigir nova noite de amor com o abusador. Na mensagem, ela parece ressentida com o que Neymar não fez, não com o que fez.
Tudo isso é muito ruim por vários motivos. É ruim para quem gosta de futebol, porque o jogo bonito de Neymar é que deveria ser o assunto dos torcedores, e não sua vida pessoal. É ruim para Neymar, porque mostra que ele continua sendo o “menino Ney”, tolo, fútil, entre o patético e o arrogante. É ruim para a moça, porque foi exposta de várias maneiras. E é ruim, sobretudo, para as mulheres que realmente sofrem abuso. Como o comportamento do próprio Neymar demonstra, o exagero transforma possíveis vítimas em fraudes óbvias.