David Coimbra
A casa dos meus avós ficava nos Navegantes. Rua Dona Margarida, 355. Às vezes, ainda sonho com aquela casa. Era feita de madeira, com a sapataria do meu avô na frente, dando para a rua. Entrava-se por um portão lateral também de madeira, fechado por uma pequena tranca que abríamos enfiando a mão por entre as ripas. Então, caminhávamos por um corredor formado, de um lado, pelas paredes da casa e, do outro, por um canteiro de hortênsias que havia sido plantado pela minha avó. Nos fundos, abria-se um grande pátio onde havia tudo o que pode fazer sonhar uma criança: árvores e flores, um parreiral debaixo do qual tomávamos café da tarde no verão, duas casinhas que um dia meu vô alugou a inquilinos e que agora serviam de depósito, um galinheiro de onde às vezes saíam pintinhos ou, antes deles, ovos frescos para a gemada das 10 da manhã, gatinhos muitos, raros cachorros e até um porco.
- Mais sobre:
- opinião