Republiquei, nas redes, um folhetim que havia escrito tempos atrás. Naquela época, não sabia disso, mas se trata de uma história feminista radical: a protagonista, Cris, "a Fera", traumatizou-se ao ser violada por um homem e decidiu que puniria o gênero masculino com a pena mais dura: a morte.
Um dos personagens centrais da novelinha, um dos apaixonados pela Fera, tem o nome de Paulo Germano, e não por acaso. Na época em que escrevi o folhetim, o PG, que era como o chamava e chamo-o ainda, ajudava-me no blog que assinava em ZH. Ele era o "diretor do blog".
Cuidar de um lugar como o Asilo Padre Cacique não tem nada a ver com "retorno", nada a ver com empresas e muito menos tem a ver com o governo ou com o Estado. Tem a ver com a comunidade.
O PG fez um grande trabalho naquela função. Por exemplo: publicávamos uns vídeos intitulados "Histórias faladas", em que eu simplesmente contava um caso durante dois ou três minutos. Foi um sucesso rotundo. Em priscas eras da internet, alguns vídeos alcançavam 300 mil acessos. E isso foi ideia do PG.
Não me surpreende, portanto, que hoje o PG esteja produzindo uma seção fundamental para o jornalismo gaúcho, a "Perimetral", em que ele fala do que é mais importante para o cidadão: a cidade.
Porto Alegre é uma cidade mal-amada. Os porto-alegrenses servem-se dela, abusam dela, como aconteceu com a Fera Cris, e a desprezam com a pior forma de desprezo: a indiferença. Os porto-alegrenses não louvam sua cidade e pouco tratam dela.
Houve um antigo jornalista que amava Porto Alegre de verdade e fazia um trabalho parecido com o que o PG faz hoje, cada um, é claro, dentro do seu estilo. Era o Ary Veiga Sanhudo, autor de dois livros seminais para quem quer entender a capital de todos os gaúchos: Crônicas da Minha Cidade 1 e 2.
O PG, ao escrever sobre Porto Alegre, está exercendo um ato de amor à cidade, mesmo quando a critica ou aos seus cidadãos. Outro dia mesmo, ele publicou uma coluna que me entristeceu. Era a que relatava a situação difícil pela qual passa o Asilo Padre Cacique. O asilo pode inclusive fechar as portas por... falta de doações.
Falta de doações!
Fiquei com vergonha de Porto Alegre ao saber disso. O presidente da instituição chegou a dizer que, "na cabeça dos empresários, investir em velho não dá retorno". Ora, cuidar de um lugar como o Asilo Padre Cacique não tem nada a ver com "retorno", nada a ver com empresas e muito menos tem a ver com o governo ou com o Estado. Tem a ver com a comunidade. Somos nós, eu, você, nossos amigos e familiares, somos nós que temos de encontrar uma solução para esse problema. E a solução é fácil: basta que muitos deem pelo menos um pouco do tanto que têm.
Não é só o Estado ou os políticos ou as empresas que têm de fazer o seu papel. Nós também temos. Cada cidadão tem sua responsabilidade individual e uma delas é zelar por entidades que protegem os mais fracos, como o Asilo Padre Cacique. Chega de reclamar. Chega de botar a culpa no governo. Chega de esperar que os outros resolvam os nossos problemas. É hora de ação. Entre no endereço abaixo e faça seu papel, meu irmão porto-alegrense: