Temer já avisou que não vai renunciar, repetindo sua antecessora, Dilma Rousseff. Trata-se de decisão previsível, levando-se em conta o tipo de políticos que existe no Brasil.
Temer, tanto quanto Dilma, pensa em si mesmo, em vez de pensar no país.
Dilma chegou a ter 20 ministros envolvidos em algum tipo de investigação, seu governo estava apodrecido pela corrupção em praticamente todas as áreas, sua campanha de reeleição havia sido paga com dinheiro desviado da Petrobras e ela tinha mentido para a população, maquiando a situação financeira do país. Sua obrigação era renunciar, poupando o Brasil de um desgastante processo de impeachment.
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Mas, não. Dilma teimou, ficou até o fim, mesmo sabendo que seria cassada, e o fez para forjar uma tese que lhe salvasse a reputação. Ela e o PT, assim, lançaram o discurso do golpe, dando à oposição justificativa para manter o país em estado belicoso. Segundo essa fantasia, Temer seria o articulador de uma trama genial para tomar o poder e fazer as reformas entreguistas que seriam exigidas pela elite, até então alijada do mando pelos pais dos pobres do PT. Toda essa ideia é uma patetice, óbvio, nem tanto porque o PT não é defensor de pobre coisa nenhuma, e muito mais porque Temer não dispõe da menor condição de conspirar genialmente contra ou a favor do que quer que seja.
Temer é um fraco – Dilma acertou quando fez essa avaliação, meses atrás. É um homem antigo, de hábitos antigos e métodos antigos. Para Temer, ainda seria possível manejar o país manejando o Congresso. Não é mais. O Brasil mudou. Outras instituições se fortaleceram e, agora, vigiam o Congresso como um Congresso tem de ser vigiado.
Temer, por acreditar nessa força do Congresso, acredita que conseguirá se prolongar no poder apenas seduzindo os congressistas. Não conseguirá. Temer, que já não tinha prestígio popular, perdeu a sustentação política. Se não renunciar, será derrubado. Sua deposição, porém, pode levar meses. Enquanto isso, o país estará parado, o desemprego estará aumentando e a população estará sofrendo.
Se Temer não pensar apenas em si mesmo, se quiser, de alguma forma, fazer o bem para os brasileiros, terá de renunciar. A renúncia de Temer será sua grandeza.