Os 30 segundos finais da luta entre o brasileiro Robson Conceição e o cubano Jorge Lázaro, domingo à tarde, no Riocentro, foram os mais eletrizantes de todo o boxe da Olimpíada do Rio, até agora. Porque não foi luta; foi briga.
Conceição partiu para cima de Lázaro com a fúria de quem tem fome, e Lázaro respondeu na mesma medida. Ficaram trocando socos sem cessar, enquanto a torcida urrava nas arquibancadas do ginásio, como se fossem romanos vendo sangue na areia do Coliseu. Foi sensacional. Procure no Youtube.
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A vitória de Conceição garantiu-lhe pelo menos a medalha de prata, mas mostrou mais: mostrou que ele está forte o suficiente para levar o ouro. Afinal, seu adversário era um campeão, e era um cubano. Cuba é uma potência no boxe e, nesta Olimpíada, parece ter se instaurado certa rivalidade com o Brasil. No fim da luta, os técnicos das duas equipes discutiram e, no combate posterior, quando os dois países se enfrentaram outra vez, houve certa tensão.
Nessa luta, entre Michel Borges (brasileiro, com muito orgulho, com muito amor) e Julio Cesar La Cruz (cubano), da categoria até 81kg, o pugilista de Cuba passou o tempo todo provocando, dançando no ringue, pulando num pé só, sorrindo maliciosamente, baixando a guarda e oferecendo o rosto ao soco. Irritante. Mas o brasileiro ou teve medo ou excesso de cautela. Manteve a guarda alta, jamais saiu da defensiva e perdeu sem apanhar.
Já do confronto até 56kg, entre o brasileiro Robenilson de Jesus e o americano Shakur Stevenson, não se pode dizer o mesmo. Robenilson, como diriam os guris do subúrbio de Porto Alegre, “tomou um pau”.
Robenilson tem braços e pernas longos e uma cara de Nosferatu, mas o americano não se assustou. Stevenson é um lutador frio, encontrava brechas na defesa de Robenilson e assestava os golpes até com certa facilidade. Robenilson lançava os braços compridos à frente, tentando acertar um nariz, um olho, qualquer coisa, e o americano se esquivava e saía ileso. No último round, o americano encaixou três ganchos em sequência no queixo de Robenilson, que só não caiu porque o punho do outro não é tão pesado assim.
Por tudo isso, a vitória de Robson Conceição foi muito comemorada. Ele salvou o dia. Terça-feira, na disputa pelo ouro, pode salvar o ano.