Não quero apavorar ninguém, mas todos nós temos um câncer adormecido. A frase não é minha. É do médico francês David Servan-Schreiber. Ele escreveu um livro chamado Anticâncer. É a experiência dele com a doença. Schreiber descobriu o câncer por acaso, durante uma aula do curso de Medicina, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Ele conduzia testes para examinar tumores cerebrais. Foi nessa ocasião que identificou que estava com um tumor na cabeça. Depois de diagnosticar dezenas de pessoas, o próprio médico seria o novo paciente. A estimativa de sobrevivência era curta, mas graças à perseverança e à qualidade de vida, ele conseguiu prolongar sua existência.
Ao escrever o livro, o médico nos ajuda a compreender como a alimentação pode ajudar na prevenção do câncer. Alimentação saudável não cura, mas ajuda a evitar. Outros dois aspectos importantes estão associados à doença: a maioria dos pacientes fumou ou ingeriu bebida alcoólica em excesso.
Não é que hoje existam mais casos. Na verdade, para o nosso bem, a ciência evoluiu e, atualmente, são feitos mais diagnósticos
Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que os casos de câncer vão aumentar em 70% até 2050. O mesmo relatório mostra elevação maior em países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo. Isso reforça que qualidade de vida está diretamente ligada à possibilidade de desenvolver um câncer. Uma célula malformada pode se proliferar em mais células defeituosas. É assim que um câncer se forma.
Não é que hoje existam mais casos. Na verdade, para o nosso bem, a ciência evoluiu e, atualmente, são feitos mais diagnósticos. Um exemplo: o imperador francês Napoleão Bonaparte morreu por causa de uma severa dor de barriga. É impossível afirmar a causa porque na época (1821) não havia diagnóstico. Mas deduzo que possa ter sido um câncer de estômago.
No início de fevereiro foi comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Todos os meses, temos um período de conscientização para alguma doença, e isso é muito válido. Mas o câncer que dorme na gente, como disse o médico francês, pode se manifestar quando menos se espera. Foi o que aconteceu comigo. Descobri no final de junho de 2021 e 20 dias depois me operei. Nem sequer era o mês de mobilização, o que, repito, é muito importante, mas o câncer não aparece com dia marcado.