O apetite dos ladrões parece ser insaciável. Eles não hesitam em levar um veículo estacionado. Tampouco deixam de apontar um revólver na cabeça de alguém parado em uma sinaleira ou no acesso à garagem para levar o bem. Só neste ano foram furtados e roubados mais de 7 mil veículos, mas o cenário é de queda — em Porto Alegre, a redução no roubo de veículos chegou a 19,4% em julho na comparação com o mesmo mês de 2022.
Para trás, ficam o trauma da vítima e a perda financeira. São inúmeras desvantagens. Só quem comemora é o criminoso ou os criminosos. Mais revoltante ainda é a reincidência. A Polícia Civil já deve ter cansado de prender criminosos mais de uma vez.
São soltos reiteradas vezes, sim, mas o problema não é decisão judicial. É a frouxidão da lei contra esse tipo de crime. Eles passam pouco tempo presos, em geral menos de dois anos, o que, na contabilidade criminosa, é pouco. Para eles, vale mais a pena correr o risco para concretizar a missão.
Só existe o crime devido à demanda. Quem compra barato pode estar adquirindo um produto de roubo e alimentando uma engrenagem criminosa.
O carro é instrumento fundamental para outros crimes. Se não estiver num veículo roubado, o bandido não poderá consumar o ato seguinte. A fuga do assalto a banco é feita num carro potente.
Na década passada, os brigadianos perseguiam ladrões usando carros 1.0. Por isso, raramente se fazia uma prisão em flagrante. Com pouco motor para alcançar o ladrão, ele acaba conseguindo escapar. Era muito caro fazer uma investigação policial e, lá na frente, prender o criminoso. Muitas vezes, demorava alguns meses até o sujeito ser alvo de operação. Ainda bem, agora a Brigada Militar usa carros mais potentes para perseguições.