A julgar pelo estado deplorável do transporte público em Porto Alegre, duvido que autoridades que decidem sobre o assunto usem linhas como a da Restinga, na Zona Sul. Os passageiros, que se amontoam em veículos ruins, nunca viram uma. Se as vissem, com certeza poderiam fazer muitas reclamações — começando pela lotação excessiva.
Fui sentir as dores das pessoas que enfrentam até duas horas e meia do centro da cidade até o destino. Parti em um final da tarde ensolarado da semana passada e cheguei à Restinga à noite. Você pode ver os detalhes no vídeo acima.
O primeiro ônibus saiu do bairro Menino Deus e foi até a região central. O segundo levou ao ponto de chegada. Ao longo das paradas, o veículo vazio foi se enchendo de trabalhadores, estudantes, mães com bebês no colo e idosas. Ficou lotado.
Com mais de 20 anos de experiência, o motorista se queixa, principalmente do limite de capacidade que é extrapolado. Para não deixar as pessoas esperando na parada, ele permite a entrada.
Mais de 60 mil cidadãos moram na Restinga. Mas a linha, no fim da tarde, atende também passageiros de outros bairros pelo caminho, que enfrentam uma demora equivalente à viagem entre os dois maiores municípios do Estado — Porto Alegre e Caxias do Sul —, cuja a distância é de 120 quilômetros. Do centro de Porto Alegre até a Zona Sul, são 30 quilômetros, um trajeto em que o veículo quebra com frequência, relatam os passageiros.
Disponibilizar mais ônibus maiores, articulados, poderia ser o início da resolução do problema. Mas só o início.