Excelentíssimo ministro Cristiano Zanin,
Mais do que honrar a toga, aja com respeito aos brasileiros.
Não o critico pela falta de conhecimento técnico, mas o senhor foi alçado ao cargo, como a maioria dos seus novos colegas, por indicação política. A diferença é que os brasileiros o conhecem como “o advogado do Lula”.
O senhor só atingiu tal posição pela proximidade e pelos serviços que prestou ao presidente, antes de ser eleito. Nós o conhecemos também como um combatente do lawfare, que o senhor repetia, mas essa linguagem tecnicista precisa ser deixada de lado.
Seja mais objetivo para todo mundo lhe entender. Lembre-se que não são só os juristas que vão ler suas decisões.
O senhor chega ao palácio do Supremo Tribunal Federal cercado de dúvidas. Mantenha uma conduta firme e não tome decisões motivado por interesses políticos da sua preferência. As dúvidas pairaram sobre seus colegas, Fachin, Toffoli, Alexandre de Moraes e André Mendonça por seus serviços prestados aos presidentes.
O brasileiro, para quem o senhor vai julgar, é um povo bem eclético politicamente, e é quem paga o seu salário. Honre a história e não se torne um ministro político.
Desde que ligaram os holofotes das transmissões, na sala de julgamentos do STF, podemos acompanhar tudo pela televisão, pelo rádio, ao vivo. Alguns de seus colegas são bem vaidosos, outros abusam nos comentários sobre processos jurídicos, vedados pela Lei da Magistratura. Não repita isso. O senhor ficará mais marcado ainda.
Deixe a vaidade de lado e prefira se tonar um ministro reconhecido pelas decisões. Se inspire em juízes americanos como Antonin Scalia e Ruth Bader Ginsburg. Ambos deixaram um legado marcante na Suprema Corte dos Estados Unidos, onde as sessões não são transmitidas e os magistrados não concedem entrevistas. Um mais conservador, outra mais progressista, indicados por presidentes diferentes, mas que não deixavam suas preferências transbordarem para os processos. Eram respeitadíssimos.
E, fundamentalmente, fuja de partidos.
Cordialmente
Scola.