O comportamento humano é mesmo curioso. Provavelmente, os psicanalistas antigos, como Freud, teriam prato cheio para analisar. Mas o aspecto mental em si é melhor que os psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e outros ólogos desvendem. Vou me deter num tipo de comportamento e em como ele interfere no dia a dia. É inegável o poder de absorção das pessoas pelas telas. Mais inegável ainda é o poder destrutivo para crianças.
Um assunto de preocupação hoje são as crianças obcecadas com o smartphone. E há motivos para estarmos preocupados. É uma mudança de comportamento que exige intervenção e controle dos responsáveis. As inverdades e bobagens nos “conteúdos” a que as crianças estão expostas levam, entre outros efeitos, à banalização das relações com outras pessoas. E não são apenas as crianças que foram abduzidas pelas telas. Os adultos também. Sem distinção de idade ou classe social. Todos!
No trem metropolitano, passageiros do vagão inteiro compenetrados na tela do celular. No show de rock, mais gente gravando vídeos com a câmera do que assistindo ao evento ao vivo. O casal chegou ao estádio no meio do jogo, perdeu o gol – o momento de êxtase do futebol –, mas não perdeu a selfie para as redes sociais. Embora com parte do restaurante lotado de consumidores, o tradicional burburinho deu lugar ao silêncio do vazio. As pessoas estavam ali, mas não estavam. As cabeças estavam voltadas para as telas. Não havia conversa, nenhuma interação. Só o mundo virtual prendia a atenção dos clientes. Na sala de espera do consultório médico, as revistas que serviam de distração foram trocadas pelo smartphone.
O que será que os usuários encontram ali? Conforto, carinho, amor. Certamente, não.
Vidas perfeitas e não reais, é bem provável. É verdade também que a nossa rotina se transferiu para os aplicativos. Mas uma horda de usuários extrapolou esse conceito para se manter conectada a uma realidade diferente. Historiadores arqueólogos nos ensinaram que andamos em bandos e pronunciamos as primeiras palavras ainda na era glacial. Nem dá para dizer que estamos voltando no tempo. O que estamos vivendo agora é uma imersão na solidão mesmo estando em grupos.
Uma solução possível seria aproveitar mais a vida real e ignorar, um pouco, a vida digital.