Sempre combati privilégios. Como cidadão, me incomoda o desperdício de dinheiro público. Como jornalista, sei que falta para outras áreas importantes como educação, saúde, segurança e obras.
Todas os dias, ouço relatos e justificativas sobre escassez de recursos. O que falta numa ponta, escorre pela outra: a do ralo do desperdício. Um exemplo: em plena era digital, com acesso livre às telas, os deputados federais nos brindaram com um passeio pela Dinamarca para conhecer experiências em ambiente e inovação. Não foi apenas um, foram sete parlamentares.
Como cobri política por muito tempo, sei que essas viagens costumam dar em nada. Os parlamentares, que visitaram pelo menos duas cidades dinamarquesas, gaastaram ainda com diárias, hospedagem e despesas gerais.
Agora o Conselho de Justiça Federal (mais um conselho, mais salários, mais corporativismo) autoriza o próprio Judiciário a conceder quinquênio aos juízes federais - uma conta de R$ 1 bilhão por ano. O jornal Estado de S. Paulo revelou que o Tribunal de Contas da União constatou irregularidades no pagamento às filhas solteiras de militares. Um anacronismo sem paralelo.
Ainda bem que terminaram com o benefício, mas isso não vale para as atuais e futuras. As que recebem, vão continuar recebendo. A conta que pagamos é de R$ 3 bilhões por ano. Malandramente, a mulher não contrai matrimônio para garantir o benefício, mas mantém união estável sem, no entanto, se casar oficialmente para não perder o benefício. Outro desaguadouro de dinheiro público são as desonerações fiscais. O assunto merece uma coluna inteira, o que farei em breve
Uma dica: não some os valores do desperdício, isso seria suficiente para resolver os problemas do país, e você sentirá a dolorosa sensação de dinheiro gasto com supérfluos.